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Cinema Latino

sexta-feira, 22 de abril de 2011

A hilariante Carmen Verônica em livro

Mary Montilla Em Belíssima (2006), atriz arrancou gargalhadas dos telespectadores como uma ex-vedete

PERFIL  - JORNAL  DO COMMERCIO (Recife, 2010)

Carmen Verônica por inteiro
Morte da amiga Consuelo Leandro foi um momento muito difícil
Agência Estado

A atriz pernambucana Carmen Verônica, 77 anos, é chique por natureza. Tem voz afrescalhada, pose de dondoca e um incrível timing para comédia que já lhe rendeu ótimos papéis. Entre eles, a de Mary Montilla, na novela Belíssima (2006). É praticamente uma “mulher-bicha” como ela e a saudosa amiga Consuelo Leandro costumava se tratar. Era “bicha” pra cá. “bicha” pra lá.
Carmen tem quase certeza de que a expressão usada pela dupla foi inventada por outro grande amigo, o costureiro Dener. “Tem uns que dizem que sou a bicha perfeita, porque até filho eu tenho”, diverte-se a atriz, em depoimento ao escritor Cláudio Fragata, no livro Carmen Verônica – O riso com glamour.
A biografia integra a Coleção Aplauso e acaba de chegar às prateleiras, num grande lançamento conjunto de 42 títulos da coleção. É com esse tom bem-humorado que Carmen conta, em primeira pessoa, deliciosas passagens de sua vida e carreira. Nascida no Recife e radicada há décadas no Rio de Janeiro, a atriz não se furta de relatar momentos mais amargos, mas tenta fazer isso sem dar muito peso a eles. Uma lição aprendida com a mãe, que era adepta do “o que tiver de ser seu, será”.
A pedido da própria biografada, Fragata preservou no livro seu jeito de falar, com seus bordões, interjeições e alguns palavrões. Mas claro, sempre com muito glamour. Foram cerca de 12 horas de gravações, em conversas no Rio, São Paulo e ao telefone. “Sempre tive uma grande admiração por esses atores, que fazem personagens populares”, afirma Fragata. Ele sugeriu dois nomes para a coleção: Jorge Loredo, o Zé Bonitinho (lançado no ano passado) e agora Carmen Verônica.
A bella donna, que teve uma infância lúdica em Pernambuco, iniciou a carreira de artista no Rio, numa época em que mulher nessa profissão não era vista como boa coisa. E apesar da formosura lhe credenciar para a lista de beldades Certinhas do Lalau, criada pelo cronista Stanislaw Ponte Preta, a atriz conseguiu consolidar a carreira pelo talento. Muitas de suas histórias arrancaram gargalhadas do próprio Fragata.
Sobretudo as protagonizadas com Consuelo Leandro. Uma das mais hilariantes foi a saga da dupla até a manicure, em pleno dia do golpe militar de 1964. Na rua, Carmen perguntou a um soldado o que estava acontecendo. Ele respondeu que era a revolução.
“Acaba com essa merda logo, porque eu e minha amiga vamos fazer pé e mão e quando a gente voltar quero ir para casa com calma”, retrucou. Quando a amiga morreu, passou por uma da fases mais difíceis da vida, mas que, como tudo, ela soube superar. “Ela era excelente comediante. Morreu de câncer por dissabor, por injustiça dos outros. Fazendo uma merda de uma esquete, ganhando um salário de bosta. Ela achava que ia ficar boa”, diz, sem meias palavras.
O riso com glamour, de Cláudio Fragata (Imprensa Oficial, R$ 15,00).


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