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Cinema Latino

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A flor do meu segredo (1995)

Leocádia Macias (Marisa Paredes) é uma escritora que tem como pseudônimo, Amanda Gris e escreve livros de segunda categoria. Tem relativo sucesso, pois tudo que escreve são histórias passionais. Sua vida é escrever, ir a editora e levar algum dos seus escritos ao jornal El Pais, lá ela conhece o editor Angel (Juan Echanove), que se encanta por seus escritos. Leo tem uma vida aparentemente normal, visita sua mãe e irmã, que parecem estar às turras e é apaixonada pelo marido, o militar Paco (Imanol Arias), que vive quase sempre fora do país trabalhando.

Em um dia em que ele chega de viagem, Leo o recebe apaixonada, com uma bela paella que ela havia concluído, já que sua serviçal Blanca (Manuela Vargas), precisava estar nos ensaios de um espetáculo em que atua com o filho Antonio (Joaquín Cortés). Mas o marido de Leo parece estar apático a ela, e a tudo que o rodeia. Diz à mulher que dentro de duas semanas tem que viajar a um determinado lugar, deixando-a desesperada. O casamento de Leo está em ruínas, e ela tenta se matar ingerindo metade de um vidro de tranquilizantes. Ela então decide parar de escrever e se entrega à bebida. Mas tudo em sua volta vai mudando, principalmente quando o editor Angel declara seu amor por ela.



Pequeno comentário: É um filme para quem gosta do cinema de Pedro Almodóvar e que ama a cultura espanhola, pois não se trata de uma produção com uma história forte. Não é à toa que um famoso nome da dança flamenca atua neste filme: o bailarino e coreógrafo, Joaquín Cortés. Há algumas cenas de dança com eles, a mais bonita é a final em que Leo vai com sua família e Angel assistir ao espetáculo. Almodóvar mais uma vez prima pela presença de suas principais atrizes, entre elas a protagonista, e como sempre uma citação ao cinema clássico, sua paixão, uma constante em seus filmes. E claro os belos cenários da Espanha, que hora se repetem em filmes posteriores. Neste, o cenário é Madrid. A doação de órgãos aparece no início do filme como uma campanha que é dirigida pela personagem Betty (Carmen Elias), que é amiga de Leo (Marisa Paredes). Tema que se repete emotivamente em “Tudo sobre minha mãe”.


Ficha Técnica:
Título Original:
La Flor de mi Secreto
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 105 minutos
Ano de Lançamento (Espanha / França): 1995
Estúdio: El Deseo S.A. / CiBy 2000
Distribuição: Sony Pictures Classics / Warner Bros.
Direção: Pedro Almodóvar
Roteiro: Pedro Almodóvar, baseado em estória de Dorothy Parker
Produção: Esther García
Música: Alberto Iglesias
Fotografia: Affonso Beato
Desenho de Produção: Esther García
Direção de Arte: Wolfgang Burmann e Miguel López Pelegrín
Figurino: Max Mara, Ermenegildo Zegna e Hugo Mezcua
Edição: José Salcedo


Elenco:
Marisa Paredes (Leo Macias)
Juan Echanove (Angel)
Carmen Elias (Betty)
Rossy de Palma (Rosa)
Chus Lampreave (Mãe de Leo)
Kiti Manver (Manuela)
Joaquin Cortés (Antonio)
Manuela Vargas (Blanca)
Imanol Arias (Paco)
Gloria Muñoz (Alicia)

Juan José Otegui (Tomas)


domingo, 15 de fevereiro de 2009

Carne Trêmula (1997)

Em 1970 uma jovem de nome Isabel Plaza Caballero (Penélope Cruz) começa a sentir as dores do parto na casa de uma senhora que trabalha com as mulheres da noite, é a D. Centro (Pilar Bardem). A senhora Centro decide levar Isabel ao hospital, mas aquela altura da noite os ônibus já estavam recolhendo, quando passa o último da noite que, sequer ia mais circular e elas insistem em ficar nele, contrariando o motorista que acaba testemunhando o nascimento de um menino que nasce justamente no caminho do hospital no coração de Madrid. Isabel dá o nome de Victor a seu filho.
Como o acontecimento foi noticiado pela imprensa da época, algumas pessoas se propuseram a ajudar a jovem mãe, entre elas, o prefeito da cidade que lhe presenteou um berço e o dono da empresa de transportes, que concedeu ao menino uma carteira especial para ele andar de graça no ônibus por toda sua vida. Essa é a Madrid do General Franco.


Mas 20 anos transcorrem e o bebezinho já é um jovem e belo rapaz. E numa dessas saídas noturnas ele conhece a Elena Benedetti (Francesca Neri) e transam dentro de um banheiro de uma casa noturna. Elena drogada não se dá conta, para ela é só uma transa, mas para Victor Plaza (Liberto Rabal) é muito importante, pois é sua primeira vez. Apaixonado pela moça, ele decide ir ao seu encontro, tendo como pista um rótulo de bebida com telefone e endereço que ela própria escreveu e nele, uma marca de batom. Ele liga para a casa dela à noite, Victor lhe faz lembrar que é o rapaz com quem ela transou na semana passada, e que haviam de marcar para sair. Mas ela, Elena não esperava a ligação de Victor e lhe dá um fora. Mesmo assim, ele decide ir ao endereço escrito no rótulo de uma bebida alemã. Elena naquela noite esperava alguém, possivelmente um traficante para lhe vender drogas. E ao receber um recado pelo interfone, deixa subir à sua residência a pessoa que esperava, mas era um equívoco, ao chegar à sala, se depara com Victor. Que surpreso e apaixonado lhe confessa o motivo que o levara ali, confessando inclusive que a transa que tiveram foi a sua primeira vez e que roubou uma pizza naquele dia só por causa dela. Elena desdenha de Victor e lhe diz que sequer ele sabia transar. Aborrecida, o ameaça com uma arma, mas ele não sai de sua casa, ao tomar-lhe o revólver, um tiro é disparado, mas é acidental e não atinge ninguém. Uma das vizinhas ao ouvir o disparo chama a polícia até o prédio, que alerta os policiais David Paz (Javier Bardem) e Sancho (José Sancho). Ao ver os dois policiais, Victor se apavora e chega a ameaçar Elena, colocando o revólver em sua cabeça. Enquanto David tenta acalmar a situação, Sancho está exaltado e faz ameaças. Quando Victor solta Helena, parece, que tudo vai ficar sob controle, mas Sancho pula em cima dele e os dois começam a brigar e novamente a arma dispara, mas desta vez a bala atinge David, que fica paralítico. Interessante nesta cena da tentativa do policial David em desarmar Victor, é o olhar de sedução que Elena troca com o policial, claro, mais sedutor vindo da parte dela. Victor é condenado a seis anos de prisão por ter deixado o David aleijado, invasão de domicílio,etc. David e Elena se casam, Sancho e Clara (Ángela Molina) voltam às boas no casamento. Lembrando que na cena do ocorrido na casa de Elena, Sancho além de ter batido na própria esposa, estava altamente alcoolizado e tendo crises compulsivas de ciúmes da mulher dentro do carro da polícia ao lado de seu companheiro de trabalho David, que tentava em vão mantê-lo calmo.

David está casado com Elena e é jogador de basquete de um time de paraplégicos. Em um dia assistindo pela TV da cadeia uma competição, Victor reconhece David e Elena que está na arquibancada torcendo pelo marido. Dentro da prisão, Victor, faz muitos cursos, entre eles, carpintaria, artesanato e até pedagogia. É aficionado pela bíblia e se orgulha de não ser um viciado em drogas e de nunca ter pego AIDS. Fatos que comenta em carta para sua mãe que está com câncer terminal. Isabel, a mãe de Victor morre e ele recebe como herança 150 mil pesetas. E durante uma ida ao cemitério olhando o túmulo a questiona com tristeza: “Mamãe com quantos homens a senhora transou para conseguir 150 mil pesetas? Pelo menos uns mil e eu que consegui isso sem ter dado uma única trepada. Isso não é justo! Isso não é justo!”. Casualmente naquele mesmo cemitério alguém chorava pelo falecimento de um familiar, era Elena, acabava de falecer seu pai o Sr. Benedetti, um diplomata italiano. Ao contrário de Isabel que só tinha o filho para lhe visitar o túmulo, o pai de Elena repousara no cemitério cercado de familiares e amigos que vinham dar os pêsames à filha, entre eles, Victor que ao acabar de vê-la, lhe dá um beijo na face e diz ao ouvido que tem muito carinho por ela. Elena fica surpresa e diz ao marido que Victor a cumprimentou no cemitério e que está solto. A partir daí David fica em estado total de alerta, e acaba descobrindo que Víctor tem um caso com Clara, a mulher de Sancho. Clara, conheceu Víctor no cemitério, quando viu onde ele morava, uma espécie de favela, parecia inicialmente não se importar com ele. Mas é com Clara que Victor começa a aprender mais sobre sexo e recuperar o tempo perdido; As "lições sexuais" com Clara tem um propósito, mas Clara acaba se apaixonando por Victor, que tem seu coração totalmente entregue à Elena. No dia do sepultamento do pai de Elena, ele recolhe um ramalhete que estava no túmulo e no envelope está uma mensagem de pêsames dos colegas dela e seu endereço de trabalho. Ela trabalha em El Fontanar, um lar para crianças que sofrem maus tratos e decide se candidatar a uma vaga de emprego lá. Acaba sendo admitido pelas colegas de Elena, e esta quando o vê pela primeira vez em seu local de trabalho,fica surpresa e não revela ao marido, até ele descobrir quando segue o ônibus em que Victor viajava. David fica aborrecido pela esposa ter-lhe escondido os fatos e Victor acaba revelando à ele, que quem lhe disparou o tiro que o tornou paraplégico foi Sancho. “Sancho foi quem apertou o meu dedo, não fui eu. Eu não queria lhe acertar. Ele fez isso porque você na época traçava a mulher dele”. David enfim sabe a verdade e decide contar à Elena, que se decepciona com ele.
Em uma noite no El Fontanar, Victor acaba revelando à Elena que tinha um plano de vingança quando estava na cadeia, porque a única coisa que o chateou na época é porque ela o chamou de idiota e dizia que ele não sabia transar. Ele reconhece que na época foi tudo isso, mas a vingança dele era se transformar no melhor amante do mundo e transar com ela a noite inteira, fazer ela ter inúmeros orgasmos até não agüentar mais. Dessa forma ela se apaixonaria e ele a deixaria. A ouvir isto, Elena diz que está de partida do El Fontanar e que é a última vez que o vê. Mas no dia seguinte acaba mudando de idéia, e o encontra no horário noturno no quarto dele na instituição, daí eles tem a primeira noite de amor. E realmente é uma das cenas de sexo mais belas e artísticas de todo o cinema, o unir de copos é muito bonito visualmente. A fotografia é tão impecável que em alguns momentos ninguém sabe quem é um e quem é outro. Como previu Victor, depois da insaciável noite de amor que foi até o raiar do dia, ela não tem mais dúvidas de que Victor é o homem da sua vida. Interessante também a cena em que ela cheira seu próprio corpo para sentir o cheiro de Victor que lhe entranhara na noite anterior. Em casa, exausta, ela confessa ao marido que transou com Victor. David fica revoltado, e confessa a Sancho que Clara tinha um caso com Victor, inclusive lhe mostrando fotos que ele próprio tirara. Sancho enraivecido sai atrás da mulher que está na casa de Victor, lá Clara deixa um bilhete de despedida. Nesse momento, Elena descobre fotos de Victor e Clara na gaveta de sua casa e decide ir a La Ventilla, lugar onde mora Victor. Mas quando chega, algo terrível aconteceu à Clara e ao marido: haviam disparado os revólveres um contra o outro e acabam morrendo.



Depois passam seis anos e finalmente o final feliz para Victor que se casa com Elena e esperam o primeiro filho. David está em Miami. São os anos da Movida Madrilenha. E nesse contexto político e cultural o diálogo que Victor tem com o filho é bonito. Mais uma vez a história se repete em Madrid, e com a mulher já praticamente em trabalho de parto ele diz para a barriga onde está o filho: “Sei perfeitamente como você se sente. Porque há 26 anos eu estava na mesma situação que você, a ponto de nascer... Mas você tem mais sorte que eu, olhe a calçada cheia de gente. Quando eu nasci não tinha ninguém na rua porque a Madrid daquele tempo era cheia de medo. Hoje, há pessoas nas ruas e vivemos em uma Espanha sem medo. Por sorte, para você meu filho...”


Ficha Técnica:
Título Original:
Carne Trémula
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 147 minutos
Ano de Lançamento (Espanha): 1997
Estúdio: CiBy 2000 / El deseo S.A. / France 3 Cinéma
Distribuição: 20th Century Fox Film Corporation
Direção: Pedro Almodóvar
Roteiro: Pedro Almodóvar, Jorge Guerricaechevarría e Ray Loriga, baseado em livro de Ruth Rendell
Produção: Agustían Almodóvar
Música: Alberto Iglesias
Direção de Fotografia: Affonso Beato
Direção de Arte: Antxón Gómez
Figurino: Humberto Cornejo e José Maria De Cossio
Edição: José Salcedo
Efeitos Especiais: Molina


Elenco:
Javier Bardem (David)
Francesca Neri (Elena)
Liberto Rabal (Victor Plaza)
Ángela Molina (Clara)
José Sancho (Sancho)
Penélope Cruz (Isabel)
Pilar Bardem (Dona Centro)
Álex Angulo (Motorista de ônibus)
Mariola Fuentes
Voel Be
Curiosidades: Jorge Sanz havia sido escalado para o papel de Victor. Uma semana antes do início das filmagens o diretor Pedro Almodóvar o substituiu por Liberto Rabal. O filme tem no elenco a mãe de Javier Bardem, Pilar Bardem no papel da senhora Centro e contracenando com sua atual “nora”, Penélope Cruz.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Tudo sobre minha mãe (1999)

Lola (Toni Cantó), Manuela(Cecilia Roth) e o pequeno Esteban.
O filme conta o drama de Manuela (Cecília Roth), que vê seu único filho Esteban (Eloy Azorín) morrer atropelado enquanto corria atrás do carro da atriz Huma Rojo (Marisa Paredes) para pegar um autógrafo. O rapaz estava com 17 anos, na flor da idade e tinha um bom relacionamento de filho com sua mãe.
Almodóvar e o elenco de "Todo sobre mi madre"
Manuela, já trabalhava em uma central de transplantes antes da morte de Esteban, e mesmo diante da pior dor, ela resolve doar os órgãos do seu filho. O endereço do primeiro receptor do órgão transplantado ela consegue descobrir e vai a La Coruña, lá ela vê o homem que recebeu o órgão e se emociona. Diante de tanto sofrimento ela decide abandonar o trabalho do setor de doação de órgãos e ir atrás do pai do seu filho, o travesti Lola (Toni Cantó), que sequer sabe da existência do filho. Ela chega à cidade de Barcelona e encontra Agrado (Antonia San Juan), um travesti que no passado foi sua grande amiga. Ela salva Agrado da surra de um cliente e as duas decidem partir em busca de um novo trabalho. É quando conhecem a jovem missionária Rosa (Penélope Cruz), que está de partida para El Salvador e que pode ajudá-las nessa missão. Inicialmente a jovem tenta empregar Manuela na casa de seus pais, mas não consegue. Mais adiante, Manuela terá novas revelações, a de que a irmã Rosa está grávida, e que o filho que ela espera é de “Lola”, o pai de Esteban. Lola também se envolveu com Rosa na época em que estava sob os cuidados da Missionária para desintoxicar-se (curar-se do vício das drogas) e naquele período roubou a sua companheira de rua, Agrado. Mas Rosa contraiu a enfermidade de Lola, tornando-se soropositiva.

Coisas interessantes acontecem na vida de Manuela, pois casualmente torna-se assistente de Huma Rojo. Revelando-lhe inclusive sobre a morte de Esteban, deixando a atriz arrasada e pensativa. Manuela com o tempo ganha total confiança de Huma Rojo, que em um dia da peça “Um bonde chamado desejo” substitui até a companheira de Huma, Nina, deixando esta furiosa ao saber que ela fez o papel de Stella. A peça é de Tenesee Williams.
Rosa morre, e no dia do funeral Lola aparece para Manuela, a quem lhe revela a existência do outro Esteban (Rosa também dá o nome de “Esteban” a seu bebê), o seu filho que morreu no seu 17° aniversário. É realmente um diálogo de grandes emoções entre o pai e a mãe depois de anos de ausência. Manuela dá uma foto de Esteban à Lola e marca uma visita para apresentar o bebezinho Esteban, filho de Rosa. A mãe de Rosa (Rosa Maria Sardá) não gosta do que vê e ela pede explicações, Manuela revela que “a tal mulher” que ela viu em um bar é o pai do bebê de Rosa e que também está muito doente. Depois de ser hostilizada pela família de Rosa ela decide fugir com o bebê, só retornando dois anos depois. Almodóvar dedica o filme à sua mãe, que havia morrido naquele ano, e também às grandes atrizes do cinema, entre elas Bette Davis, a todos os homens que representam mulheres, a todas as mulheres que são mães, etc. O mais bonito neste filme é a garra e a fortaleza que é Manuela diante da tragédia que marcou a sua vida. Sem dúvida é um excelente filme.


Ficha Técnica:
Tudo Sobre Minha Mãe (Todo Sobre Mi Madre)
Ano de Produção: 1998
Ano de Lançamento: 1999
Duração: 105 minutos

Elenco:
Cecília Roth (Manuela)
Marisa Paredes (Huma Rojo)
Penélope Cruz (Irmã Rosa)
Antonia San Juan (Agrado)
Eloy Azorín (Esteban)
Candela Peña (Nina)
Rosa María Sardá (Mãe de Rosa)
Toni Cantó (Lola)
Agustín Almodóvar (Taxista)

Edição: José Salcedo
Fotografia: Alfonso Beato
Música: Alberto Iglesias
Roteiro: Pedro Almodóvar
Produção: Agustín Almodóvar
Direção: Pedro Almodóvar



sábado, 7 de fevereiro de 2009

Fale com ela (2002)

É sem dúvida um dos filmes mais sensíveis do cineasta espanhol, Pedro Almodóvar, se não for realmente o mais sensível. Podemos dizer sim, sem medo, é um filme de sensações e de sensibilidade à flor da pele. Amor e ressurreição fazem deste filme, o mais humano dentre as demais produções almodovarianas.


Em cena Leonor Watling (Alicia Rocero) e Geraldine Chaplin (Katerina)

É o drama de duas mulheres em estado de coma: a toureira, Lydia González (Rosario Flores) e a bailarina, Alicia Roncero (Leonor Watling). Traz também histórias de amor convencionais como a da toureira Lydia com o seu colega de profissão, El Niño de Valencia, mais a seguir, a dela com o jornalista Marco Zulonga (Darío Grandinetti) e uma história de amor nada convencional, a do enfermeiro Benigno (Javier Cámara) pela jovem em coma, Alicia. Mas, Fale com ela de Almodóvar vai muito mais além do drama das personagens, é todo um significado, complexo, amplo e rico. É como ler um livro e se impregnar de sua mensagem. E claro, tantos elementos interessantíssimos compondo esse que é um filme de arte. E que arte! E funcionando dentro do filme como elementos premonitórios do que vai acontecer as personagens vemos um trecho do espetáculo Caffe Müller da coreógrafa alemã Pina Bausch, “Cucurucucu Paloma” com Caetano Veloso (e com direito à platéia), “El amante Menguante” (cinema mudo) e "Fogo" (espetáculo que encerra o filme).





Tudo começa com o abrir das cortinas de um espetáculo, o já mencionado Caffe Müller, com a bailarina Pina Bausch também em cena (ela é a mulher mais magra). Na platéia estão dois homens e suas diferentes emoções: um é o enfermeiro Benigno e o outro o jornalista Marco, que chora durante a apresentação. No palco duas bailarinas vestindo camisola impressionam ao dançarem de olhos fechados como se estivessem dormindo, mas há obstáculos para elas: as diversas cadeiras que estão espalhadas, um homem vai abrindo caminho para uma delas, enquanto a outra se choca na parede. Imagens fortes que inicialmente informa o destino das duas mulheres: uma voltará do seu profundo sono e a outra não terá o mesmo destino. De quem estamos falando então? São elas: Lydia e Alicia, as personagens protagonistas.



Alicia já aparece no hospital onde permanece em coma por quatro anos, onde é cuidada por uma equipe de enfermeiros, entre eles o mais devotado é Benigno, que antes de exercer o cargo no hospital já a conhecia de longe. Alicia antes do acidente que a levara em coma, era bailarina e a academia que freqüentava era próxima à janela da casa de Benigno, que a observava constantemente. Benigno mora com sua mãe enferma e tem por Alicia um amor platônico. Quando um belo dia ele tem a oportunidade de trocar umas poucas palavras com a moça no momento em que ela sai da academia e deixa cair sua carteira, ele a devolve e insiste em acompanhá-la até sua casa. Daí ele fica conhecendo um pouco sobre os gostos da moça, a mesma diz que entre os seus preferidos está o cinema mudo e as viagens.
Em um dia de chuva Benigno nota que algo errado aconteceu para Alicia não comparecer à sua academia de dança, ela havia sofrido um acidente grave que a levou ao coma. No hospital, o pai de Alicia que é psiquiatra a confia aos cuidados de Benigno, claro com um médico e um grupo de enfermeiros para cuidá-la. Mas Benigno tem pela moça um amor incondicional e lhe dedica total assistência, ajudando na assepsia do seu corpo, maquiando-a, decorando o quarto com tudo que é do gosto dela, massageando-a para não entrevar ou perder a forma e sobretudo, falando com ela, contando-lhe tudo que lhe acontece à sua volta. O rapaz se esforça por tentar viver o universo de Alicia ao ver espetáculos de dança e filmes que sempre são relatados à jovem morta/viva.




Do outro lado do hospital há uma toureira que tenta curar sua dor de amor e acaba se envolvendo com o jornalista Marco Zulonga, durante a aparição de uma cobra em sua casa. Uma mulher que enfrenta touros tem fobia de cobras. Eles têm uma bela história de amor, quando Lydia é vitimada por um touro durante “uma tourada”, mas aqui corrijo que o nome do espetáculo brutal é corrida de toros. Ela também fica em coma, e por coincidência no mesmo hospital que a bailarina Alicia. Marco se vê impotente diante da convalescença da amada, mas Benigno aconselha: “Fale com ela”. Óbvio que ele não consegue, mas acaba por conhecer Alicia ainda em coma no hospital e o excessivo cuidado de Benigno por ela.



Pina Bausch em Caffe Müller
Numa dessas saídas de Benigno para o cinema, ele assiste e relata para Alicia a história do Amante Menguante filme mudo atribuído a Hilario Muñoz. Que na verdade é um fotógrafo famoso da Espanha, cujo nome é emprestado para homenageá-lo. Almodóvar quem é o real autor do microfilme dentro do seu próprio filme conta uma história de uma cientista que faz uma fórmula para o namorado emagrecer, mas acaba dando errado e o homem a cada diz reduz de tamanho. Na historinha brilham a atriz Paz Vega (Amparo) e o também ator espanhol, Fele Martinez (Alfredo), que está irreconhecível com a maquiagem e o penteado de filme de época. Ao contar a tal história não se prevê exatamente se é durante o relato ou após o relato, que Benigno já não faz juz ao seu nome quando acaba por violar a amada do coma, uma mulher indefesa. E como resultado dessa violação, uma gravidez inesperada. Claro, que o devotado enfermeiro é preso. Levado a uma prisão na cidade de Segóvia, acaba por suicidar-se antes que Marco conte sobre a ressurreição de Alicia, este acaba descobrindo que o bebê que ela esperava era um menino, mas que fora abortado. A cena de Marco com os olhos arregalados vendo da janela da casa de Benigno, uma ressuscitada Alicia de muletas olhando os bailarinos dançando na academia é ótima. Comovente é a visita de Marco ao cemitério onde jaz Benigno e também o reencontro dele com Alicia que agora vive uma nova vida. Quando aparece o letreiro “Marco y Alicia” dá a entender ao espectador que uma nova história surgirá dali. A protetora professora de Balett de Alicia, Katerina (Geraldine Chaplin), fala com Marco e este informa que está morando na residência de Benigno, mas que precisava falar com ela, porque é algo simples que tem a dizer, mas ela responde “como no balé, nada é simples”. E o filme termina com uma bela coreografia do espetáculo “Fogo”. Belíssimo, principalmente nas cenas das danças dos casais de bailarinos e quando um casal se afasta do palco para começar um colóquio amoroso. Referência ao mais novo par Alicia e Marco.


Ficha Técnica:
Título Original:
Hable con Ella
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 116 minutos
Ano de Lançamento (Espanha): 2002
Site Oficial: www.sonyclassics.com/talktoher
Estúdio: El Deseo S.A.
Distribuição: 20th Century Fox / Sony Pictures Classics / Warner Bros.
Direção: Pedro Almodóvar
Roteiro: Pedro Almodóvar
Produção: Agustín Almodóvar
Música: Alberto Iglesias
Fotografia: Javier Aguirresarobe
Desenho de Produção: Antxón Gómez
Direção de Arte: Antxón Gómez
Figurino: Sonia Grande
Edição: José Salcedo


Elenco:
Javier Cámara (Benigno Martin)
Darío Grandinetti (Marco Zulonga)
Rosario Flores (Lydia Gonzalez)
Leonor Watling (Alicia Roncero)
Geraldine Chaplin (Katerina Bilova)
Mariola Fuentes (Rosa)
Fele Martínez (Alfredo)
Paz Vega (Amparo)
Chus Lampreave (Concierge)
Elena Anaya (Angela)
Caetano Veloso (Caetano Veloso)
Marisa Paredes
Cecilia Roth



Curiosidades:

1. Na verdade é sim possível engravidar durante um coma já que muitas funções vitais são realizadas, pode-se aobservar no filme que Alicia menstrua normalmente e mecanicamente também abre os olhos. Pedro Almodóvar se inspirou em histórias da vida real para criar o drama de Alicia e Benigno. Ele teve como inspiração o caso de uma mulher que em Nova Iorque ficou grávida do enfermeiro que cuidava dela, enquanto estava em coma. Há a história também de um vigia de um necrotério na Romênia que teve relações com o cadáver fresco de uma jovem e acabou por "ressuscitá-la", mas na verdade ela sofria de catalepsia, pois é um tipo de enfermidade em que se aparenta estar morto. E claro, uma outra história de uma americana que desperta do coma por longos anos. Prato cheio de inspiração para "Hable con ella".
2. As atrizes Marisa Paredes e Cecília Roth aparecem como figurantes durante uma apresentação de Caetano Veloso, que faz o papel dele mesmo. “Fale com ela” foi o filme ganhador do Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro, também o Oscar de Melhor Roteiro Original. Rendeu a Almodóvar uma indicação na categoria de Melhor Diretor. Ganhou também um César de Melhor Filme da União Européia.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Má Educação (2004)

Inicialmente gostaria de começar como quem está vendo pela primeira vez. Antes de tudo é um filme que consegue prender o telespectador até o fim, porque esse é o objetivo de Almodóvar ao trazer para a telona um personagem enigmático como o Ignácio ou “Angel” de Gael García Bernal e temas polêmicos, como o abuso sexual. Afinal, é uma história intrigante, com ares de suspense e uma certa atmosfera noir.
É sem dúvida um filme autobiográfico, mas com doses de ficção. De cara, o espectador conecta Enrique Goded a Almodóvar, pois a história se desenvolve a partir da visita do ator desempregado Ignácio Rodriguez/ Angel (Gael) à produtora de filmes de Enrique Goded (Fele Martinez), que naquele momento está passando por uma crise de criação. Enrique não consegue perceber inicialmente, mas o estranho se apresenta como Ignácio, um ex colega de escola e seu primeiro amor. Mas o “Ignácio” está ali apenas para lhe mostrar um roteiro de um filme que ele próprio escreveu, cujo título é “A visita”, onde relata todo o passado em que estudaram juntos em um colégio católico de regime internato e também o abuso sexual que sofreu por parte de seu professor de literatura, o padre Manolo.


Enrique lê os escritos deixados por “Ignácio”, que já não desejava mais ser chamado por seu verdadeiro nome, mas por Angel seu nome artístico. Como recurso para contar essa história do passado Almodóvar utiliza o flashback do reencontro de Ignácio, cujo nome artístico é Zahara e Enrique. Neste trecho se percebe a forte ligação entre os dois, assim como os momentos em que se conheceram na infância e de como foram afastados um do outro pelo padre Manolo (Daniel Giménez Cacho). No filme a volta no tempo serve para desvendar e contar toda a história dessas personagens.
Elementos da cultura espanhola em cena, "Os cabeçudos", bonecos gigantes do carnaval espanhol, servem como cenário para a trama do ambicioso Juan/ Angel e o péssimo Sr. Berenguer (ex padre Manolo).

Depois daquela visita inicial, Angel decide voltar a ver Enrique e insiste no papel principal, mas Enrique nota que há algo de estranho com esse novo Ignácio que ele reencontrara. Na saída da casa de Goded, Angel esquece o isqueiro, motivo que leva Enrique à Galícia investigar algo sobre ele. É quando acaba descobrindo que o verdadeiro Ignácio já havia falecido, e aquele que se passava por ele na verdade era o seu irmão, Juan, que ao ingressar em uma companhia de teatro mudou seu nome para Angel.
Mas o mistério de Angel não está desvendado totalmente, e mesmo sabendo que ele mentiu, Enrique lhe concede o papel título tão almejado. Mas Enrique tem uma outra surpresa, é que durante as filmagens de “A visita” ele recebe a visita do verdadeiro vilão do filme, Padre Manolo, agora Sr. Berenguer (Lluís Homar). Este relata que depois que Inácio deixou o colégio, largou a batina, se casou e se tornou dono de uma Editora. Porém ele já havia recebido o relato do verdadeiro Ignácio Rodríguez sobre o abuso sexual, que poderia se tornar a vir público através da imprensa, caso ele não enviasse uma determinada quantia de dinheiro. Na verdade, o verdadeiro Ignácio havia se tornado um travesti e um dependente de drogas. O dinheiro tinha destino certo: bancar-lhe reparos estéticos do seu corpo feminino e também para internar-se em uma clínica de desintoxicação, ele próprio reconhecia que precisava curar-se do vício. Um dia ele marca com Sr. Berenguer, ex padre Manolo, para que este lhe pague certa quantia de dinheiro justamente pelos tais textos, o roteiro de “A visita”. Mas a partir desse encontro o Sr. Berenguer acaba se envolvendo com Juan, e este mostra a sua verdadeira face, a de uma pessoa egoísta, insensível e muito ambiciosa. Principalmente porque foi o próprio Juan capaz de tramar a morte do próprio irmão comprando uma heroína de “pureza mortal”, Ignácio sem saber anunciava que aquele era seu último consumo e que a partir dali iria em busca do tratamento. Mas era tarde demais. É uma das cenas mais tristes do filme, quando ele mergulha o rosto nos teclados da máquina de escrever, lembrando que a história se passa nos anos 80. Todo trabalho de caracterização está realmente impecável.


Almodóvar dirigindo uma cena de Gael García Bernal como Zahara.
No final Almodóvar revela o destino dos envolvidos, a de que Angel após o filme “A visita” se tornara um ator de sucesso e que seu reinado durou dez anos, após um período de derrocada ele próprio mata atropelado o Sr. Berenguer. Trazendo-nos a certeza de que Angel é um ser doentio, por sua sede de ter, não importando a quem está em sua frente, atropelando a todos metaforicamente falando, pois não demonstra arrependimento. E Enrique Goded continua fazendo filmes com “paixão”. E de quem Almodóvar está falando afinal? Dele mesmo.

Algumas curiosidades: A atriz Leonor Watling de “Hable con ella” (2002), aparece em um papel muito pequeno, uma curta participação. É o segundo filme dela com Almodóvar. Em “Má Educação” ela faz o papel de assistente de direção e acaba se tornando esposa de Angel. “Má educação” recebeu indicações de alguns principais prêmios do cinema europeu como o César e o Goya; Recebeu também uma indicação ao BAFTA de melhor filme estrangeiro; Além disso indicações também ao European Film Awards, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora, Melhor Diretor – Júri Popular e Melhor Ator – Júri Popular (Fele Martinez). E foi o filme de abertura do festival de Cannes.

Ficha técnica:

Título Original: La Mala Educación
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 105 minutos
Ano de Lançamento (Espanha): 2004
Site Oficial: www.lamalaeducacion.com
Estúdio: El Deseo S.A. / Canal+ España / TVE
Distribuição: Sony Pictures Classics / 20th Century Fox
Direção: Pedro Almodóvar
Roteiro: Pedro Almodóvar
Produção: Pedro Almodóvar e Agustín Almodóvar
Música: Alberto Iglesias
Fotografia: José Luis Alcaine
Direção de Arte: Antxón Gómez
Figurino: Paco Delgado e Jean-Paul Gaultier
Edição: José Salcedo


Elenco:
Fele Martínez (Enrique Goded)
Gael Garcia Bernal (Ignacio Rodriguez / Zahara)
Daniel Giménez Cacho (Padre Manolo)
Lluís Homar (Sr. Berenguer)
Javier Cámara (Paca / Paquito)
Petra Martínez (Madre)
Juan Fernandez (Martin)
Alberto Ferreiro (Enrique Serrano)
Francisco Maestre (Padre José)
Leonor Watling (Mônica)
Nacho Pérez (Ignacio - jovem)Raul Garcia Forneiro (Enrique - jovem)






domingo, 25 de janeiro de 2009

Volver (2006)

É sem dúvida um dos filmes mais delicados do cineasta espanhol, Pedro Almodóvar. A temática é o universo feminino. O elenco não poderia ser melhor: Carmen Maura como a matriarca da família, Penélope Cruz e Lola Dueñas como suas filhas. As mulheres e seus encantos, as suas singularidades, as suas lutas diárias e a fortaleza, que fazem delas únicas.
É uma história familiar além de tudo; É um filme que fala sobre a vida e de como as coisas naturalmente caminham quando se trata de mulheres que sozinhas levam sua vida, e de surpresas nada agradáveis que surgem.

O drama da violência sexual na família
O filme mostra a história de vida de Raimunda (Penélope Cruz) uma mulher batalhadora, que vê sua vida se transformar quando descobre através de sua filha, que o seu marido a molestava sexualmente. A adolescente durante uma investida de Paco (Antonio de la Torre), marido de Raimunda o mata na cozinha. A mãe decide assumir a culpa, mas ao invés disso limpa cuidadosamente os indícios do crime na cozinha, cobre o cadáver em lençóis e transfere-o para um freezer em uma lanchonete em que ele administra sozinha durante a ausência do verdadeiro dono. Lá ela recebe uma equipe de filmagens que prefere fazer suas refeições ali mesmo; E ela com uma aparente tranqüilidade recebendo a todos. A irmã de Raimunda, Soledad (Lola Dueñas) tem um salão de beleza ilegal e desde que o marido fugiu com uma de suas clientes vive sozinha.

Mas a vida delas sofre uma reviravolta quando a Tia Paula (Yohana Cobo), uma idosa que vive sozinha em uma vila que sofre as ações do vento leste, falece. Agustina (Blanca Portillo) uma solteirona que mora na mesma vila da Tia Paula, jura ter ouvido e sentido a presença do fantasma da mãe de Raimunda e Soledad (Carmen Maura). Ela acredita até que ela veio lhe abrir a porta para poder socorrer a velhinha que já se encontrava defunta. Agustina mais tarde descobre que tem câncer e quer saber do paradeiro da mãe, pois sua genitora era a única mulher hippie da vila naquele período e havia sumido no incêndio que vitimou os pais de Raimunda e Sole.
Mas a história não é o que parece, a mãe de Raimunda e Sole não morreu de verdade; Ela voltou para pedir o perdão da filha, pois a Raimunda também fora molestada pelo pai quando criança, e sua mãe na época não tinha conhecimento de tal fato. Mais tarde ela descobre o que fizera à própria filha e procura entender todo o distanciamento que tinha dela. Além disso, descobre que a mãe de Agustina e o seu marido tiveram um caso, quando ela se dá conta, ateia fogo à casa. E por anos todos acreditam que Irene (Carmen Maura) havia morrido junto com o marido, quando na verdade, as cinzas da mulher encontrada ao do homem era a da mãe de Agustina e nunca ninguém soube disso, até ela revelar este segredo ás filhas. Daí ela decide cuidar de Agustina, e o filme termina com Raimunda de lágrimas nos olhos querendo relatar o que lhe aconteceu em relação à Paco, seu marido, quando a mãe lhe conforta dizendo, que todos os dias elas se veriam e que tudo ela iria saber.
O cineasta espanhol, Pedro Almódovar e suas talentosas atrizes

Claro, a sensualidade que é marca dos filmes de Almodóvar está presente principalmente na cena em que Raimunda está lavando os pratos em sua cozinha e seus seios são vistos de cima do decote. Há também uma mulher que não é nenhum modelo de beleza, é ilegal na Espanha e vive da prostituição, é ela que ajuda Raimunda a enterrar o corpo do marido congelado num freezer perto de um lago, sem ao menos saber do que se trata, mas levemente desconfiada. Realmente a polêmica é forte, mas as mulheres de Almodóvar irradiam encanto, beleza e coragem.



A avó Irene, Carmen Maura (embaixo da cama) escondendo-se da filha Raimunda (Penélope Cruz)

Curiosidades à parte: neste filme Pedro Almodóvar reuniu mais uma vez suas atrizes preferidos, sendo este o 3° filme com a Penélope Cruz, eles já haviam trabalhado juntos em “Carne Trêmula” (1997) e “Tudo sobre minha mãe” (1999). Com a Carmen Maura, a sua favorita, é a 7ª produção juntos. Os trabalhos anteriores de Carmen Maura com Almodóvar são: "Pepi, Luci, Bom y Otras Chicas del Montón" (1980), "Maus Hábitos" (1983), "Que Fiz Eu Para Merecer Isto"? (1984), "Matador" (1986), "A Lei do Desejo" (1987) e "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos" (1988).
Recebeu 5 prêmios Goya (O Oscar do Cinema Espanhol), nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz (Penélope Cruz), Melhor Atriz Coadjuvante (Carmen Maura) e Melhor Trilha Sonora. Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Lola Dueñas e Blanca Portillo), Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem, Melhor Direção de Produção, Melhor Direção de Arte, Melhor Roteiro Original e Melhor Som.


Ficha Técnica:
Título Original: Volver
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 121 minutos
Ano de Lançamento (Espanha): 2006
Site Oficial: www.sonyclassics.com/volver
Estúdio: Canal+ España / El Deseo S.A. / TVE / Ministerio de Cultura
Distribuição: Sony Pictures Classics / Fox Film do Brasil
Direção: Pedro Almodóvar
Roteiro: Pedro Almodóvar
Produção: Esther García
Música: Alberto Iglesias
Fotografia: José Luis Alcaine
Desenho de Produção: Salvador Parra
Figurino: Sabine Daigeler
Edição: José Salcedo
Efeitos Especiais: El Ranchito


Elenco:
Penélope Cruz (Raimunda)
Carmen Maura (Avó Irene)
Lola Dueñas (Sole)
Blanca Portillo (Agustina)
Yohana Cobo (Paula)
Chus Lampreave (Tia Paula)
Antonio de la Torre (Paco)
Carlos Blanco (Emilio)
Maria Isabel Diaz (Regina)
Neus Sanz (Inês)
Carlos Garcia Cambero (Carlos)
Leandro Rivera (Auxiliar)
Yolanda Ramos (Apresentadora de TV)
Pilar Castro (Ajudante da apresentadora)


terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Maysa: Quando fala o coração (Rede Globo, 2009)

Para começar, deve se estranhar eu aqui falando de missérie, se o blog em questão é de filmes latinos. Mas acontece que li em um jornal que a minissérie, dirigida por Jayme Monjardim pode virar filme. Então é só esperar para ver... Claro, que transformada em filme haverá cortes, coisa e tal, mas até agora a minissérie não tem decepcionado. Realmente eles capricharam. Falo de Manoel Carlos, o próprio Jayme, elenco, produtores, etc. E eu particularmente adoro ver coisas de época, principalmente se conta a história de alguém. Gostei de ver no final dos créditos que fora consultada a biografia "Maysa só numa multidão de amores" de Lira Neto, que por sinal é um excelente livro. Interessante que quando vejo uma cena me lembro de um capítulo do mesmo, não era de se estranhar que citassem a fonte. Tenho esse livro antes da minisérie ter começado foi um presente meu ao meu pai, que é fã de Maysa. Quando eu era criança via meu pai escutando um disco dela e suspirando, não sei se de tristeza, saudade, não sei. Depois ele ficava me contando a história dela, que fora uma excelente cantora, que fora casada com um Matarazzo, que inaugurou a ponte Rio-Niterói com o acidente que causou a sua morte prematura.

Livro que ajudou a inspirar a minissérie global


Maysa madura

A jovem cantora e seu felino olhar fatal


Larissa Maciel como Maysa. Ao lado a própria
Também nunca mais voltei a me interessar sobre cantores do passado. Mais uma vez ouvi falar dela: que era bonitona, bêbada, pegava meio mundo de homens interessantíssimos, volúvel... e assim ficou uma lenda sobre Maysa, que a imprensa do passado ajudou a criar. Ela era apenas uma mulher que tinha que vencer a si mesma, quando o assunto era o álcool. E ao mesmo tempo tinha uma personalidade forte, talvez mal compreendida. Ou talvez a fonte de tanta solidão estava ali no passado, na sua infância, tanto amor reprisado e tão mal vivido. Um desejo puro de amar sem reservas, viver pura e simplesmente como as outras crianças, sem os rigores de uma educação superficial e antiquada. Tanto mistério havia ali naquela mulher... e não há como julgar. As pessoas é quem sabem de si, de seus dramas, de suas tristezas e de suas angústias.
Link da minissérie: aqui

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