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Cinema Latino

sábado, 14 de abril de 2012

Filho de Mazzaropi quer resgatar história do pai passada em Sorocaba


 
Por Andrea Alves

andrea.alves@jcruzeiro.com.br

Na celebração do Centenário de Mazzaropi, sua obra está sendo revisitada em vários centros culturais do país, especialmente nas cidade onde nasceu e viveu - São Paulo e Taubaté. Filmes serão exibidos, exposições serão realizadas. Para marcar a data, a Galeria Olido (avenida São João, 473, Centro de São Paulo) vai exibir a mostra fotográfica Amácio Mazzaropi e promover algumas sessões de cinema com parte da obra do cineasta. É lá também que um de seus filhos de criação de Amácio, André Mazzaropi, conhecido artisticamente como o Filho do Jeca, vai apresentar, amanhã, às 20h30, com entrada franca, o show Tem um Jeca na Cidade. Ao Mais Cruzeiro, André falou sobre esse espetáculo, contou sobre a passagem de Mazzaropi por Sorocaba e confessou que várias vezes tentou se apresentar aqui na cidade da qual guarda boas lembranças ao lado do pai.
A Galeria Olido foi o local escolhido para o show em comemoração ao centenário por ser ali que o cineasta Mazzaropi lançava seus filmes, sempre no dia 25 de janeiro, conta André. O show, de uma hora e meia de duração, baseia-se num monólogo escrito pelo próprio Mazzaropi. "Canto oito músicas e conto alguns causos", adianta André, 55 anos, um dos cinco filhos de criação de Amácio Mazzaropi e o único que está vivo. Foi adotado pelo cineasta aos 11 anos quando se conheceram no Convento Santa Clara, em Taubaté, durante as gravações do filme No Paraíso das Solteironas, em 1968. André atuou nos últimos quatro filmes de Mazzaropi e participou com o pai das apresentações que fazia pelo Brasil afora. Uma das cidades visitadas foi Sorocaba e uma das lembranças que André guarda do lugar é uma cena real que mais parece um pastelão digno dos próprios filmes do Jeca. "Foi no de 1980, foi a última vez que meu pais esteve em Sorocaba e íamos fazer uma apresentação pelo Circo Romano, um dos mais importantes daqueles anos", rememora. "Lembro que nosso ônibus, parecia uma motor home, ficou entalado numa rua que passava por baixo da linha do trem. E aí vinha um bêbado falando alguma coisa tão enrolada que ninguém entendia e a polícia que tentava ajudar a tirar o carro o expulsou. Isso aconteceu umas duas vezes. Até que depois de uma duas horas em que estávamos ali, sem saber o que fazer, o bêbado voltou de novo e falou que para tirar o veículo dali era só murchar os pneus. Era isso que ele tentava dizer, não conseguia e ninguém deixava falar. Foi uma cena engraçada."
Foto de família: Amácio Mazzaropi, seu filho, André Luiz Toledo; e seu neto Carlinhos, filho de Carlos Garcia, também filho de criação e galã de alguns dos seus filmes.

Sorocaba na rota

Sorocaba figura na história de vida de Amácio Mazzaropi. A vinda da família para a cidade foi motivada por uma concessão de um armazém de Secos e Molhados pela Estrada de Ferro Sorocabana a Bernardo, pai de Mazzaropi, como explica André. "Mazzaropi tinha uns 14 anos e já queria ser artista. Então, depois de dois anos na cidade, acabou fugindo dos pais e foi parar em Curitiba. Lá que ele conheceu um faquir e deu início a sua trajetória artística." André acredita que a família Mazzaropi tenha se mudado para Sorocaba no ano de 1925, mais detalhes, porém, como onde ele morou, onde estudou, são incógnitas para ele, que afirma ter procurado apoio em Sorocaba para pesquisar e resgatar essa parte da história. "Tentei várias vezes engatar uma pesquisa aí na cidade, mas não consegui", diz. Ele recorda que, numa dessas passagens pela cidade, Mazzaropi teria mostrado o antigo armazém do qual o pai era responsável. "Estávamos na Estação Ferroviária de Sorocaba e me lembro dele ter apontado uma das salas que ficava ali. Mas é preciso pesquisar. Só sei que meu pai fez e sempre fará parte de Sorocaba. Seria um prazer saber e contar melhor essa história". Seria um prazer também, frisa André, incluir Sorocaba na rota dos shows que o artista promove e que carrega as características criadas por Mazzaropi para o caipira brasileiro. "Também já tentei levar meu show para Sorocaba e o pessoal da cultura não se interessou muito. É uma pena", lamenta. Para o artista, é possível que não tenha havido uma compreensão de que os eventos promovidos por ele são se tratam de um projeto comercial e sim cultural.
Como o objetivo é preservar e perpetuar memórias e a cultura impressa no país por Mazzaropi, André alimenta planos de escrever um livro e produzir um filme sobre a história de seu pai. Segundo o filho do Jeca, Mazzaropi arrastou aos cinemas do Brasil um público estimado em 206 milhões. "Uma marca histórica. O sucesso que ele fazia era inigualável e quem viveu aquela época pode contar e lembrar das filas enormes que se formavam nos cinemas quando um dos seus filmes era lançados". A princípio discriminado pela mídia, pelos intelectuais e pelos produtores culturais, observa André, o cineasta foi coroado pelo próprio público brasileiro. "Foi o povo que lhe deu o respeito", enfatiza. A justificativa do apreço das multidões pode ser encontrada numa frase célebre do cineasta: "o segredo do meu sucesso é falar a língua do meu povo". (A.A.)

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