Seguidores

Cinema Latino

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Cinema e Ditadura Militar

No post de hoje quero compartilhar este interessantíssimo texto de Elio Gaspari, diretamente de sua página, "Arquivos da Ditadura":


As tensas relações entre a ditadura e o Cinema Novo

Militares se irritam com o filme ‘Pra frente, Brasil’, sobre torturas, tiram Celso Amorim do comando da Embrafilme e o SNI veta sete grande diretores

Em 1979, o diplomata Celso Amorim, atual ministro da Defesa, foi nomeado para dirigir a Embrafilme, a estatal que financiava a indústria cinematográfica. Ele trabalhara com o diretor Ruy Guerra na edição de Os cafajestes e com Leon Hirszman na edição de um episódio de Cinco vezes favela. A escolha, endossada pelo ministro da Educação, Eduardo Portella, foi vista como uma demonstração de que o governo do general Figueiredo vinha com tintas mais liberais que seu antecessor.

As relações do regime com os cineastas eram tensas desde os primeiros dias da ditadura. 

Em 1982 o céu caiu sobre o presidente da Embrafilme. Chegara aos cinemas Pra frente Brasil, de Roberto Farias. O próprio título ironizava o jingle que a máquina de propaganda do governo do general Médici produzira, transformando-se na trilha sonora das comemorações. O enredo juntava a festa das ruas com um episódio de prisão e tortura. Entre os torturadores estava uma réplica do delegado Sérgio Fleury.

Diante dos protestos de militares, foi o próprio presidente Figueiredo quem levou o caso de Amorim para  a reunião da manhã de 29 de março de 1982, quando se encontraria com os chefes do Gabinete Civil (João Leitão de Abreu), do Gabinete Militar (general Danilo Venturini) e do Planejamento (Delfim Netto).

Na reunião da tarde, Venturini bateu o martelo: “Demissão do presidente da Embrafilme. Falar com Ludwig [Rubem Ludwig, ministro da Educação]”.

Na lista de nomes vetados pelo SNI estava a elite do Cinema Novo:

Joaquim Pedro de Andrade (Macunaíma)
Paulo César Saraceni (O desafio)
Carlos Diegues (Bye bye Brasil)
David Neves (Memória de Helena)
Arnaldo Jabor (Toda nudez será castigada)
Nelson Pereira dos Santos (Rio, 40 graus e Vidas secas)
Luiz Carlos Barreto (diretor de fotografia de Deus e o Diabo na Terra do Sol)
O presidente Figueiredo respondeu ao chefe do SNI, general Octavio Medeiros: "Nenhum desses está cogitado! O Aloísio [Magalhães, secretário de Cultura do Ministério da Educação e Cultura] esteve reunido com esses elementos, mas não para isso".

Um comentário:

  1. Assim como os americanos já fizeram filmes sobre a caça á bruxas dos anos 50, esse assunto também renderia um bom filme aqui....

    ResponderExcluir

LinkWithin

Blog Widget by LinkWithin