«Era uma vez uma princesa que vivia num reino subterrâneo e sonhava com conhecer o mundo dos humanos. Um dia fugiu, e ao chegar à superfície, o sol cegou-a. Com a vista foram-se também embora todo o passado e todas as lembranças que possuía. Mais tarde, o corpo da princesa não resistiu ao calor e ao frio e morreu. Mas seu pai, o rei, sabia que a alma da filha regressaria noutro corpo, noutro tempo, mas regressaria, e ele esperá-la-ia…».
É assim que começa a narrativa de um dos mais belos e singelos contos de fadas que o cinema já produziu. Claro, não vamos nos esquecer do clássico “O Mágico de Oz” (1939) que sem os recursos tecnológicos que temos atualmente trouxe o talento e as presenças marcantes de Judy Garland, Frank Morgan, Ray Bolger, Bert Lahr e outros, um trabalho de arte magnífico, muito avançado para a época e uma narrativa mágica, de sonhos. Não podemos esquecer dos arrasa-quarteirões “O Senhor dos Anéis”, os “Harry Potters” da vida, “As Crônicas de Nárnia” (2005), “A Bússola de Ouro” (2007), etc. Mas O Labirinto do Fauno está mais para Mágico de Oz que para estes últimos, devido à simplicidade e a leveza de suas alegorias. Claro, que os recursos de maquiagem e a tecnologia foram primorosos em O Labirinto... mas a história que contou era muito mais simples e harmoniosa que a dos blockbusters mencionados, daí a comparação com o clássico de 1939 que revelava o talento da adolescente Judy Garland (Doroty), que na época contava com 17 anos. O que não podemos comparar com o desempenho da ultra-jovem atriz espanhola Ivana Baquero (Ofélia) de então 11 anos na época das filmagens. Curiosidades à parte Ivana também não tem em O Labirinto do Fauno a sua estréia no cinema, já é o seu sexto filme em sua precoce carreira. Mas sem dúvida esta será a personagem que a tornou inesquecível.
O mundo de Ofélia, a menina do Labirinto, não é de sonhos, ao menos o seu mundo real é o mais tirano possível. Aliás, ela sobrevive não se sabe como em um ambiente onde o ódio e a intolerância estão personificados no Capitão Vidal, o homem com o qual sua mãe casou. Carmen uma mulher frágil que espera um filho de um déspota. Uma mulher que se nega a si mesma por submeter-se ao marido por pura e simplesmente ter em seus pensamentos a idéia de dar um futuro melhor a seus filhos, mas que é claramente infeliz.
Ofélia é uma criança pura, cujo conceito de felicidade é os seus livros de Contos de Fadas, a sua mãe e o irmãozinho que estar por vir. Ela segue uma pequena libélula encantada e chega a um labirinto, que no mundo real existe, mas tudo o que acontece com a menina em seu universo encantado nos faz compreender o teor do filme, e a intenção do diretor em contar uma história que de fato existiu de verdade e que manchou de sangue um país, A Guerra Civil Espanhola. Mas e o labirinto? E a fantasia? Em algumas partes do filme se compreende que a fantasia faz parte dos pensamentos da menina, afinal ela é uma exímia leitora de Contos de Fadas e que no fim para não viver uma história realmente triste, ela se insere neste mundo fantástico onde há um fauno, seres alados e o mal soberano em uma mesa farta na imagem de um homem horripilantemente pálido, de olhos nas mãos e cheio de pelancas.
Particularmente é um filme muito criativo ao explorar o mundo real de um lado e todas as suas crueldades, de outro, o fantástico. Guillermo del Toro foi o mais fascinante possível neste filme,a ousadia ao contar uma história, aliás duas ficcionais (o conto de fadas a história de uma menina e sua família) e outra não ficcional de caráter histórico foi sua grande aposta. Um filme como este não poderia jamais ficar invisível aos olhos da academia, principalmente no quis diz respeito à direção de arte (assinada por Eugenio Caballero), categoria em que foi premiado, e melhor maquiagem que foram entregues a David Marti e Montse Ribe.
Teria muitas coisas para comentar aqui, mas acredito que não haveria espaço para tanto. A direção de arte é fantástica. Doug Jones interpretando simultaneamente o Fauno e o Homem Pálido realmente impressionou. E o que dizer dos detalhes do local onde fica o banquete do Homem Pálido?! O artista plástico que pintou os afrescos fez um trabalho espantoso, o que não se vê em todos os detalhes quando a câmera passeia por eles simulando o olhar da menina Ofélia. Quem locar este filme, terá a oportunidade de ver o Making Of e as entrevistas com os atores que é formidável, além das montagens daquelas roupas tão perfeitas, a do Fauno e a do monstro pelancudo.
Adorei rever as atrizes espanholas que já conheço, atuando neste filme, a Maribel Verdú como a Mercedes, a personagem mais forte de toda a história e a Ariadna Gil, como a Carmen, a submissa mãe de Ofélia.
A atriz Ivana Baquero (Ofélia) realmente consegue cativar e emocionar. Atuação brilhante também a do ator Sergi López como o Capitão Vidal, ele encarnou um verdadeiro Hitler. A personagem mais cruel de todas que utiliza de doentios instrumentos de torturas como alicates e martelos, que são golpeados no rosto de seus inimigos quando não lhe informam o que deseja saber. O seu requinte de crueldade além de viciosamente maligno, chega a ser estúpido, pois enquanto sua esposa sofria com as dores de um parto que em seguida lhe levaria a vida, ele assassinava alguém que poderia sim, ajudá-la no momento de sua agonia, o médico. O miserável descobre que o médico que tem sempre ao alcance de sua mão é o informante dos vermelhos e movido pelo ódio o mata. Quem assiste torce por um final infeliz para o Capitão Vidal, pois o satanás no inferno perde para ele. O momento mais festejado são os golpes de faca que ele recebe de Mercedes, principalmente quando ela lhe rasga a boca, uma cena muito bem feita. Todas em que mostravam todos os tipos de ferimentos e golpes a serem desferidos davam um ar de veracidade impressionantes. A cena em que ele costura o ferimento e coloca um tampão é perfeita então, ele toma um conhaque, sente a ferida do rosto doer e o sangue empapa o curativo. Me impressionou saber todo o recurso tecnológico utilizado, até os estampidos dos tiros foram feitos no computador. E mais dolorido ainda é ver ele matando a enteada Ofélia. A menina que morreu sacrificando sua própria vida em nome de outro inocente. A imagem que aparece no início do filme a de uma menina ensangüentada, aparece também no final. No início sabemos o que aconteceu com ela, mas não sabemos o fato que motivou alguém a tirar-lhe a vida e o seu ato heróico devidamente recompensado em um reino que de fato não é deste mundo. Vale à pena ver. E assim termina: «E a princesa reinou com justiça e bondade por muitos e muitos séculos. E a presença dela continua, mas só para os que sabem olhar…»
Ofélia é uma criança pura, cujo conceito de felicidade é os seus livros de Contos de Fadas, a sua mãe e o irmãozinho que estar por vir. Ela segue uma pequena libélula encantada e chega a um labirinto, que no mundo real existe, mas tudo o que acontece com a menina em seu universo encantado nos faz compreender o teor do filme, e a intenção do diretor em contar uma história que de fato existiu de verdade e que manchou de sangue um país, A Guerra Civil Espanhola. Mas e o labirinto? E a fantasia? Em algumas partes do filme se compreende que a fantasia faz parte dos pensamentos da menina, afinal ela é uma exímia leitora de Contos de Fadas e que no fim para não viver uma história realmente triste, ela se insere neste mundo fantástico onde há um fauno, seres alados e o mal soberano em uma mesa farta na imagem de um homem horripilantemente pálido, de olhos nas mãos e cheio de pelancas.
Particularmente é um filme muito criativo ao explorar o mundo real de um lado e todas as suas crueldades, de outro, o fantástico. Guillermo del Toro foi o mais fascinante possível neste filme,a ousadia ao contar uma história, aliás duas ficcionais (o conto de fadas a história de uma menina e sua família) e outra não ficcional de caráter histórico foi sua grande aposta. Um filme como este não poderia jamais ficar invisível aos olhos da academia, principalmente no quis diz respeito à direção de arte (assinada por Eugenio Caballero), categoria em que foi premiado, e melhor maquiagem que foram entregues a David Marti e Montse Ribe.
Teria muitas coisas para comentar aqui, mas acredito que não haveria espaço para tanto. A direção de arte é fantástica. Doug Jones interpretando simultaneamente o Fauno e o Homem Pálido realmente impressionou. E o que dizer dos detalhes do local onde fica o banquete do Homem Pálido?! O artista plástico que pintou os afrescos fez um trabalho espantoso, o que não se vê em todos os detalhes quando a câmera passeia por eles simulando o olhar da menina Ofélia. Quem locar este filme, terá a oportunidade de ver o Making Of e as entrevistas com os atores que é formidável, além das montagens daquelas roupas tão perfeitas, a do Fauno e a do monstro pelancudo.
Adorei rever as atrizes espanholas que já conheço, atuando neste filme, a Maribel Verdú como a Mercedes, a personagem mais forte de toda a história e a Ariadna Gil, como a Carmen, a submissa mãe de Ofélia.
A atriz Ivana Baquero (Ofélia) realmente consegue cativar e emocionar. Atuação brilhante também a do ator Sergi López como o Capitão Vidal, ele encarnou um verdadeiro Hitler. A personagem mais cruel de todas que utiliza de doentios instrumentos de torturas como alicates e martelos, que são golpeados no rosto de seus inimigos quando não lhe informam o que deseja saber. O seu requinte de crueldade além de viciosamente maligno, chega a ser estúpido, pois enquanto sua esposa sofria com as dores de um parto que em seguida lhe levaria a vida, ele assassinava alguém que poderia sim, ajudá-la no momento de sua agonia, o médico. O miserável descobre que o médico que tem sempre ao alcance de sua mão é o informante dos vermelhos e movido pelo ódio o mata. Quem assiste torce por um final infeliz para o Capitão Vidal, pois o satanás no inferno perde para ele. O momento mais festejado são os golpes de faca que ele recebe de Mercedes, principalmente quando ela lhe rasga a boca, uma cena muito bem feita. Todas em que mostravam todos os tipos de ferimentos e golpes a serem desferidos davam um ar de veracidade impressionantes. A cena em que ele costura o ferimento e coloca um tampão é perfeita então, ele toma um conhaque, sente a ferida do rosto doer e o sangue empapa o curativo. Me impressionou saber todo o recurso tecnológico utilizado, até os estampidos dos tiros foram feitos no computador. E mais dolorido ainda é ver ele matando a enteada Ofélia. A menina que morreu sacrificando sua própria vida em nome de outro inocente. A imagem que aparece no início do filme a de uma menina ensangüentada, aparece também no final. No início sabemos o que aconteceu com ela, mas não sabemos o fato que motivou alguém a tirar-lhe a vida e o seu ato heróico devidamente recompensado em um reino que de fato não é deste mundo. Vale à pena ver. E assim termina: «E a princesa reinou com justiça e bondade por muitos e muitos séculos. E a presença dela continua, mas só para os que sabem olhar…»
Título Original: El Laberinto del Fauno
Gênero: Suspense
Tempo de Duração: 112 minutos
Ano de Lançamento (México / Espanha / EUA): 2006
Site Oficial: www.panslabyrinth.com
Estúdio: Warner Bros. Pictures / Telecinco / Estudios Piccaso / Tequila Gang / Esperanto Filmoj / OMM / Sententia Entertainment
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Direção: Guillermo del Toro
Roteiro: Guillermo del Toro
Produção: Álvaro Augustín, Alfonso Cuarón, Bertha Navarro, Guillermo del Toro e Frida Torresblanco
Música: Javier Navarrete
Fotografia: Guillermo Navarro
Desenho de Produção: Eugenio Caballero
Figurino: Lala Huete e Rocío Redondo
Edição: Bernat Vilaplana
Efeitos Especiais: CafeFX
Elenco:
Ivana Baquero (Ofelia)
Doug Jones (Fauno / Homem pálido)
Sergi López (Capitão Vidal)
Ariadna Gil (Carmen)
Maribel Verdú (Mercedes)
Álex Angulo (Médico)
Roger Casamajor (Pedro)
César Vea (Serrano)
Federico Luppi (Casares)
Manolo Solo (Garcés)
M., mais um dos meus filmes favoritos na vida!
ResponderExcluirUma fábula um tanto triste, mas bela, tocante e quantas imagens!
Que bom que está gostando do purpurina de rua, tenho muito carinho por este espaço e tento colocar todos os meus pedaços por lá!
Você é de onde?
Um grande abraço,
Luciana