Carla
Navarrete, da Redação Yahoo! Brasil
Iniciada em 1982, a parceria entre Antonio Banderas e Pedro
Almodóvar rendeu cinco filmes até 1990, incluindo os clássicos “Mulheres à
Beira de um Ataque de Nervos” (1988) e “Ata-Me” (1990). Depois disso, Banderas
foi para a terra do Tio Sam, casou-se com a atriz Melanie Griffith e se tornou
ícone do esteriótipo de amante latino em Hollywood. Já Almodóvar continuou
filmando na Espanha e se aperfeiçoando.
Cerca de 20 anos depois, eis que os dois voltam a trabalhar
juntos em “A Pele que Habito”, que estreia nesta sexta-feira (4) nos cinemas
brasileiros. Mais uma vez, Almodóvar recorre ao suspense para contar uma
história que nas mãos de qualquer outro diretor viraria um filme gore (gênero
em que sangue e vísceras imperam na trama). Nas mãos do espanhol, porém, é pura
arte.
Baseada no livro “Tarantula”, do francês Thierry Jonquet
(1954-2009), a produção é centrada no cirurgião plástico Robert Ledgard
(Banderas), um brilhante médico assombrado por uma tragédia familiar. Vivendo
recluso na cidade de Toledo, ele desenvolve um tipo de pele artificial, que
utiliza tecidos de porcos, e que resiste a qualquer tipo de dano.
O que o cirurgião não revela a seus companheiros de pesquisa
é que os testes para desenvolver a pele especial não foram feitos em animais,
como era de se esperar, e sim na misteriosa Vera (Elena Anaya, que na tela
lembra muito a atual musa de Almodóvar, Penélope Cruz). A jovem vive
trancafiada em um quarto na mansão de Robert, sob os cuidados da governanta
Marilia (Marisa Paredes, também constante na obra do diretor).Banderas e Elena
Anaya em cena do filme, suspense psicológico de Almodóvar.
Sob os olhos da serviçal, o médico e a bela mulher vivem uma
relação nada clara aos olhos do espectador. Contudo, o filme vai revelando
pouco a pouco o passado sombrio que uniu os dois, em uma virada surpreendente.
Almodóvar nem sempre se sai bem quando foca no universo
masculino, a exemplo de “A Má Educação” (2004), um dos filmes mais fracos de
sua atual fase mais madura. Mas isso não acontece em “A Pele que Habito”, cuja
tensão prende do começo ao fim. E ainda sob uma estética que se aproxima do
lirismo.
No longa ainda sobram referências ao Brasil (uma paixão do
diretor), sob a figura de Zeca (Roberto Álamo), personagem que chega para
bagunçar a vida de sua mãe, a governanta Marilia, e a de Robert. No entanto, o
malandro de sotaque esquisito é o típico esteriótipo de brasileiro
mal-intencionado, que vai à Europa para viver na criminalidade. Para quem não
se incomodar com isso, o filme vale muitíssimo a pena.
Fonte: Yahoo Cinema
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