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Cinema Latino

domingo, 25 de janeiro de 2009

Volver (2006)

É sem dúvida um dos filmes mais delicados do cineasta espanhol, Pedro Almodóvar. A temática é o universo feminino. O elenco não poderia ser melhor: Carmen Maura como a matriarca da família, Penélope Cruz e Lola Dueñas como suas filhas. As mulheres e seus encantos, as suas singularidades, as suas lutas diárias e a fortaleza, que fazem delas únicas.
É uma história familiar além de tudo; É um filme que fala sobre a vida e de como as coisas naturalmente caminham quando se trata de mulheres que sozinhas levam sua vida, e de surpresas nada agradáveis que surgem.

O drama da violência sexual na família
O filme mostra a história de vida de Raimunda (Penélope Cruz) uma mulher batalhadora, que vê sua vida se transformar quando descobre através de sua filha, que o seu marido a molestava sexualmente. A adolescente durante uma investida de Paco (Antonio de la Torre), marido de Raimunda o mata na cozinha. A mãe decide assumir a culpa, mas ao invés disso limpa cuidadosamente os indícios do crime na cozinha, cobre o cadáver em lençóis e transfere-o para um freezer em uma lanchonete em que ele administra sozinha durante a ausência do verdadeiro dono. Lá ela recebe uma equipe de filmagens que prefere fazer suas refeições ali mesmo; E ela com uma aparente tranqüilidade recebendo a todos. A irmã de Raimunda, Soledad (Lola Dueñas) tem um salão de beleza ilegal e desde que o marido fugiu com uma de suas clientes vive sozinha.

Mas a vida delas sofre uma reviravolta quando a Tia Paula (Yohana Cobo), uma idosa que vive sozinha em uma vila que sofre as ações do vento leste, falece. Agustina (Blanca Portillo) uma solteirona que mora na mesma vila da Tia Paula, jura ter ouvido e sentido a presença do fantasma da mãe de Raimunda e Soledad (Carmen Maura). Ela acredita até que ela veio lhe abrir a porta para poder socorrer a velhinha que já se encontrava defunta. Agustina mais tarde descobre que tem câncer e quer saber do paradeiro da mãe, pois sua genitora era a única mulher hippie da vila naquele período e havia sumido no incêndio que vitimou os pais de Raimunda e Sole.
Mas a história não é o que parece, a mãe de Raimunda e Sole não morreu de verdade; Ela voltou para pedir o perdão da filha, pois a Raimunda também fora molestada pelo pai quando criança, e sua mãe na época não tinha conhecimento de tal fato. Mais tarde ela descobre o que fizera à própria filha e procura entender todo o distanciamento que tinha dela. Além disso, descobre que a mãe de Agustina e o seu marido tiveram um caso, quando ela se dá conta, ateia fogo à casa. E por anos todos acreditam que Irene (Carmen Maura) havia morrido junto com o marido, quando na verdade, as cinzas da mulher encontrada ao do homem era a da mãe de Agustina e nunca ninguém soube disso, até ela revelar este segredo ás filhas. Daí ela decide cuidar de Agustina, e o filme termina com Raimunda de lágrimas nos olhos querendo relatar o que lhe aconteceu em relação à Paco, seu marido, quando a mãe lhe conforta dizendo, que todos os dias elas se veriam e que tudo ela iria saber.
O cineasta espanhol, Pedro Almódovar e suas talentosas atrizes

Claro, a sensualidade que é marca dos filmes de Almodóvar está presente principalmente na cena em que Raimunda está lavando os pratos em sua cozinha e seus seios são vistos de cima do decote. Há também uma mulher que não é nenhum modelo de beleza, é ilegal na Espanha e vive da prostituição, é ela que ajuda Raimunda a enterrar o corpo do marido congelado num freezer perto de um lago, sem ao menos saber do que se trata, mas levemente desconfiada. Realmente a polêmica é forte, mas as mulheres de Almodóvar irradiam encanto, beleza e coragem.



A avó Irene, Carmen Maura (embaixo da cama) escondendo-se da filha Raimunda (Penélope Cruz)

Curiosidades à parte: neste filme Pedro Almodóvar reuniu mais uma vez suas atrizes preferidos, sendo este o 3° filme com a Penélope Cruz, eles já haviam trabalhado juntos em “Carne Trêmula” (1997) e “Tudo sobre minha mãe” (1999). Com a Carmen Maura, a sua favorita, é a 7ª produção juntos. Os trabalhos anteriores de Carmen Maura com Almodóvar são: "Pepi, Luci, Bom y Otras Chicas del Montón" (1980), "Maus Hábitos" (1983), "Que Fiz Eu Para Merecer Isto"? (1984), "Matador" (1986), "A Lei do Desejo" (1987) e "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos" (1988).
Recebeu 5 prêmios Goya (O Oscar do Cinema Espanhol), nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz (Penélope Cruz), Melhor Atriz Coadjuvante (Carmen Maura) e Melhor Trilha Sonora. Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Lola Dueñas e Blanca Portillo), Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem, Melhor Direção de Produção, Melhor Direção de Arte, Melhor Roteiro Original e Melhor Som.


Ficha Técnica:
Título Original: Volver
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 121 minutos
Ano de Lançamento (Espanha): 2006
Site Oficial: www.sonyclassics.com/volver
Estúdio: Canal+ España / El Deseo S.A. / TVE / Ministerio de Cultura
Distribuição: Sony Pictures Classics / Fox Film do Brasil
Direção: Pedro Almodóvar
Roteiro: Pedro Almodóvar
Produção: Esther García
Música: Alberto Iglesias
Fotografia: José Luis Alcaine
Desenho de Produção: Salvador Parra
Figurino: Sabine Daigeler
Edição: José Salcedo
Efeitos Especiais: El Ranchito


Elenco:
Penélope Cruz (Raimunda)
Carmen Maura (Avó Irene)
Lola Dueñas (Sole)
Blanca Portillo (Agustina)
Yohana Cobo (Paula)
Chus Lampreave (Tia Paula)
Antonio de la Torre (Paco)
Carlos Blanco (Emilio)
Maria Isabel Diaz (Regina)
Neus Sanz (Inês)
Carlos Garcia Cambero (Carlos)
Leandro Rivera (Auxiliar)
Yolanda Ramos (Apresentadora de TV)
Pilar Castro (Ajudante da apresentadora)


terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Maysa: Quando fala o coração (Rede Globo, 2009)

Para começar, deve se estranhar eu aqui falando de missérie, se o blog em questão é de filmes latinos. Mas acontece que li em um jornal que a minissérie, dirigida por Jayme Monjardim pode virar filme. Então é só esperar para ver... Claro, que transformada em filme haverá cortes, coisa e tal, mas até agora a minissérie não tem decepcionado. Realmente eles capricharam. Falo de Manoel Carlos, o próprio Jayme, elenco, produtores, etc. E eu particularmente adoro ver coisas de época, principalmente se conta a história de alguém. Gostei de ver no final dos créditos que fora consultada a biografia "Maysa só numa multidão de amores" de Lira Neto, que por sinal é um excelente livro. Interessante que quando vejo uma cena me lembro de um capítulo do mesmo, não era de se estranhar que citassem a fonte. Tenho esse livro antes da minisérie ter começado foi um presente meu ao meu pai, que é fã de Maysa. Quando eu era criança via meu pai escutando um disco dela e suspirando, não sei se de tristeza, saudade, não sei. Depois ele ficava me contando a história dela, que fora uma excelente cantora, que fora casada com um Matarazzo, que inaugurou a ponte Rio-Niterói com o acidente que causou a sua morte prematura.

Livro que ajudou a inspirar a minissérie global


Maysa madura

A jovem cantora e seu felino olhar fatal


Larissa Maciel como Maysa. Ao lado a própria
Também nunca mais voltei a me interessar sobre cantores do passado. Mais uma vez ouvi falar dela: que era bonitona, bêbada, pegava meio mundo de homens interessantíssimos, volúvel... e assim ficou uma lenda sobre Maysa, que a imprensa do passado ajudou a criar. Ela era apenas uma mulher que tinha que vencer a si mesma, quando o assunto era o álcool. E ao mesmo tempo tinha uma personalidade forte, talvez mal compreendida. Ou talvez a fonte de tanta solidão estava ali no passado, na sua infância, tanto amor reprisado e tão mal vivido. Um desejo puro de amar sem reservas, viver pura e simplesmente como as outras crianças, sem os rigores de uma educação superficial e antiquada. Tanto mistério havia ali naquela mulher... e não há como julgar. As pessoas é quem sabem de si, de seus dramas, de suas tristezas e de suas angústias.
Link da minissérie: aqui

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