Leitores do Sala Latina, apresento a todos o texto de um dos maravilhosos blogs que tenho a honra de visitar e ler, é o da minha amiga Rubi,
nele você encontra raridades do mundo da sétima arte e sempre algo que
você ainda não conheceu. Pedi sua permissão para postar aqui um texto
seu, sobre um dos famosos atores argentinos do passado.
No dia 30 de novembro de 1912 nascia
Piero Bruno Hugo Fontana, que mais tarde ficou conhecido pelo nome artístico
Hugo del Carril.
Renomado ator, diretor e cantor argentino, Hugo era filho de Orsolina
Bertani e Hugo Fontana e apesar de nascer em berço de ouro, sua jornada
foi cercada de muitas dificuldades. Quando criança, viu-se obrigado a
morar com outra família por conta da separação dos pais.
Há relatos e declarações do próprio Hugo,
que essa atitude fez com que nunca os perdoasse, no entanto, quando
adoeceram não lhes negou a devida atenção enquanto vivos. Porém o fato
de nunca ter visitado os túmulos de seus pais deram ênfase ao sentimento
que o consumia. Durante a adolescência, costumava faltar as aulas para
frequentar um pequeno bar reduto de artistas, na esperança de tornar-se
um cantor; isso fez com que fosse expulso do colégio. Em 1927, aos 15
anos de idade, com o pseudônimo
Pierrot iniciou sua carreira com apresentações ao lado dos
Irmãos Leguizamon.
Foram anos difíceis em que teve que trabalhar numa fábrica de sabão e
numa vidraria para manter sustento próprio. Utilizou outro pseudônimo
Alejo Pacheco Ramos,
trabalhou como locutor de rádio e estribilista (cantor de segunda linha
que só cantava o refrão de cada tango). Em 1930 conheceu
Roberto Acuña, membro do
Chispazos de tradición (radioteatro), que o conduziu pela primeira vez à
Radio Nacional. A parceria deu origem a dupla
Acuña-Carril que
fez sucesso durante quatro anos até a morte de Acuña. A morte do amigo
induziu Hugo a afastar-se da carreira e não fosse o incentivo daqueles
que o cercavam, certamente a teria abandonado. Em 1935 mudou-se para a
Rádio El Pueblo e no ano seguinte estava na
Rádio El Mundo onde conheceu
Tito Ribero, que se tornou seu parceiro musical ao longo da vida. Neste período rompeu seu noivado com
Perla Moreno. Em 1937 foi contratado pelo cineasta
Manuel Romero para gravar o tango
Tiempos Viejos no filme
Los muchachos de antes no usaban gomina ao lado de
Florencio Parravicini, Mecha Ortiz, Arrieta Sabina e
Olmos Santiago.
Isto abriu-lhe caminhos para que a
Lumiton o contrarasse para participação de três outros filmes:
La vuelta de Rocha com
Amanda Ledesma,
Tres anclados en Paris e
Madreselva, onde, neste último, durante as filmagens conheceu
Ana Maria Martinez, com a qual teve uma relação atribulada. A partir daí sua fama como galã e ator rendeu-lhe os filmes:
La vida es un tango, La vida de Carlos Gardel, Gente bien, El astro del
tango e Confesión, La canción de los barrios, En la luz de una estrella e
Cuando canta el corazón, sendo que os três últimos bateram recorde de bilheteria.
A partir de 1943 passou a misturar sua carreira artística com interesses políticos, e neste mesmo ano após a filmagem de
La pasión imposible e
La piel de zapa, conheceu
Juan Perón ao qual fez a entrega de uma carta de
Manuel Ávila Camacho, ex-presidente mexicano. No ano seguinte, estrelou a comédia
Los dos rivales ao lado de
Luis Sandrini e em 1945 compôs o elenco do filme
La Cabalgata del Circo, onde contracenou com
Evita Perón. Em 1946 em território mexicano, estrelou
Canción desesperada e
La noche y tu e
"Compadrón, Che, papusa, oi e Pobre mi madre querida"; neste período surgiram
boatos de sua morte num acidente de carro.
Três anos mais tarde, estrelou, dirigiu e produziu
Historia del 900 e gravou
Marcha Peronista, que o consagrou definitivamente. Na década de 50 dirigiu, produziu e atuou em diversos filmes, incluindo clássicos como
El negro que tenía el alma blanca, Vida nocturna, La Tierra del Fuego e
La Quintrala. Sempre envolvido com política, foi preso por conta de seus filmes e a chamada
Revolução Libertadora Argentina tirou os seus filmes de cartaz. Após permanecer preso por 41 dias, voltou as telas para estrelar no filme
El último perro, mas foi detido novamente acusado de desviar verba para produzir La Quintrala.
Na década de 60, conheceu
Violeta Curtois com quem se casou em
1961. Nesta mesma época, produziu inúmeros filmes e foi visto pelos
artistas como exigente e perfeccionista. Após sofrer um grave acidente
de automóvel, nasceu sua primeira filha,
Marcela Alejandra. Recuperado, dirigiu e estrelou
Buenas noches, Buenos Aires (primeiro musical colorido argentino)
que contava com elenco grandioso, no entanto, por conta de seu
envolvimento político, o filme não alcançou o sucesso esperado. Em 1965
nasce seu segundo filho
Hugo Miguel, no ano seguinte a terceira,
Amorina e em 1969
Eva. Na década de 70, assinou contrato com o
Canal 11, onde passou a apresentar o programa
Tango Club e
Carpa del Pueblo. A partir de 1973, livre da perseguição política,estrelou os filmes:
Siempre fuimos compañeros e
La mala vida; já em 1975 despediu-se da carreira de diretor com o filme
Yo maté a Facundo. Em 1986, foi nomeado
Cidadão Ilustre de Buenos Aires;
porém com a morte de Violeta, no mesmo ano, Hugo entrou em depressão e
dois anos mais tarde foi internado após sofrer infarto. Sua recuperação
foi lenta mas permitiu-lhe ainda prestigiar
uma homenagem ao seu 50º aniversário de sua primeira atuação
em setembro de 1989; porém no dia 13 de agosto do mesmo ano, faleceu
aos 71 anos de idade, sendo enterrado junto com Violeta Curtois no
Cemitério de Olivos.
Fonte: Blog All Classics