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Cinema Latino

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Janela Internacional de Cinema do Recife começa com 'Febre do Rato'

Longa, que venceu o Festival de Paulínia, terá a segunda exibição nacional.
Haverá uma sessão extra de Febre do Rato, às 23h30 da sexta-feira.

A partir desta sexta-feira (4), a capital pernambucana recebe a quarta edição da Janela Internacional de Cinema do Recife, que exibe curtas e longas-metragens até o dia 13 de novembro, nos cinemas São e Luiz e Fundação Joaquim Nabuco. Fazendo uma homenagem a Stanley Kubrick e aos 40 anos do seu "Laranja Mecânica", o festival tem como tema a discussão sobre o espaço urbano do Recife. Para ajudar nesse objetivo, o longa “Febre do Rato”, do diretor pernambucano Cláudio Assis, vencedor do Festival de Paulínia, tem a responsabilidade de abrir a mostra, na segunda exibição nacional do filme. Na sexta-feira, com a primeira sessão lotada rapidamente, o festival decidiu abrir uma sessão extra de Febre do Rato, às 23h30. Os ingressos começam a ser vendidos às 21h.Em entrevista concedida ao G1, o diretor de “Amarelo Manga” e “Baixio das Bestas” falou sobre o filme, que narra a história do poeta Zizo. "No Recife, a gente tem problemas e tem que fazer com que as pessoas vejam o que acontece. O poeta toma essa atitude de denúncia. O filme acaba sendo uma homenagem a esses poetas marginais que existem no Recife e no mundo. São pessoas inquietas, que mostram que a cidade não pode ser sempre abandonada, com coisas podres, que acabam apodrecendo as pessoas", diz Cláudio.

Em 'Febre do Rato', Irandhir Santos vive o poeta Zizo; Matheus Nachtergaele também está no elenco (Foto: Divulgação)
O filme, todo em preto e branco, tem fotografia de Walter Carvalho. A ideia de filmar em p&b foi coletiva. "Fotografar o Recife em um longa preto e branco foi uma coisa sensacional. Antes, eu já havia feito o 'Soneto do Desmantelo Blue', também em preto e branco, sobre o poeta Carlos Pena Filho", relembra o diretor.
No elenco de "Febre do Rato" estão atores como Matheus Nachtergaele, Nanda Costa e Juliano Cazarré, além do pernambucano Irandhir Santos, estrela de vários filmes nacionais recentes. "Irandhir é genial e eles todos são monstros. São pessoas muito generosas e que me fazem acreditar nessa loucura, nessa febre do rato". A publicidade de Cláudio Assis é sempre uma coisa inovadora: em "Amarelo Manga", ele usou as famosas 'anuncicletas' do Recife - aquelas bicicletas com um sistema de som acoplado - para fazer a divulgação. No novo filme, o veículo foi um carro. "Eu já divulguei com a Variant que está no filme, dentro das comunidades, para que esse povo que ajudou e colaborou possa ver o que a gente está fazendo. É uma troca, faz parte do fazer cinema. É uma coisa muito de compromisso, de respeito de relação", pontua o diretor.

Assis também lembrou da polêmica que houve quando cenas com parte do elenco nu foram gravadas nas proximidades da Assembleia Legislativa de Pernambuco. As filmagens foram realizadas em um feriado de 7 de Setembro, Dia da Independência, logo após a parada militar. "Filmamos o desfile dos carros e partimos para filmar ao lado, na Assembleia Legislativa. A Polícia Militar chegou ao local e prendeu os atores. Chegaram com armas na mãos, violentos. A sorte é que tinha um comandante que já ouviu falar de 'Amarelo Manga' e abrandou a situação. A gente conseguiu fugir com o negativo para que a polícia não tomasse. É uma hipocrisia muito grande, a violência está na casa de todo mundo, mas você bota um ator fazendo uma cena de nudez e isso vira um caso de polícia", queixa-se.
A violência já foi abordada em outros filmes de Cláudio, como "Amarelo Manga" e "Baixio das Bestas", e muita gente o criticou pelos supostos excessos. "As pessoas não estavam entendendo que eu estava fazendo uma denúncia sobre a violência nesses filmes. [Em 'Febre do Rato'] Não é uma mudança, mas é um jeito de contar a mesma história de uma maneira diferente. 'Sem perder a ternura jamais', como diria Che Guevara", encerra.

Fonte: G1

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