

Talvez a ninfomaníaca de Belén Fabra se aproxime disso, ou não: “Eu a fiz de uma maneira que não a tornasse vulgar”, citou em entrevista a atriz. No filme, tudo na vida da famigerada Val muda quando ela se apaixona perdidamente por Jaime (Leonardo Sbaraglia) e perde o emprego, daí ela vai para o mundo da prostituição. Quem é ela? Uma promíscua? O que leva uma mulher a dividir seu corpo com um estranho?

Quem sabe um trecho do diário dela esclareça:
“22 de março de 1997”
“Hoje quando saí de casa, vi um tipo na rua, e só com dois olhares, decidimos fazer amor. Foi uma vez no quarto de um apart hotel da Via Augusta, me pegou em seus braços e me levou até a cozinha onde me coloca em cima do mármore, com bastante cuidado, como se eu fosse uma bonequinha de porcelana. A princípio não se atreve a me tocar. Mas logo tira a minha camiseta de algodão, molhada de suor, e se aproxima do meu rosto. De repente, se pôs a respirar muito profundamente e a cheirar a camiseta pouco a pouco, cada centímetro do tecido, cada milímetro do fio. Inspira intensamente. Eu não pude evitar olhá-lo, divertida ao descobrir esse princípio de fetichismo que não havia suspeitado. Tem gotinhas de suor na testa, que brilham como pérolas e morrem na entrada de suas sobrancelhas. Me aproximo dele suavemente, e começo a passar suavemente minha língua sobre cada uma delas, bebendo dele. Posso sentir sua respiração perto de minha bochecha; seu ritmo não é constante. A excitação me aperta o ventre e minhas coxas se contraem inevitavelmente. Eu já não tenho controle sobre o meu corpo. De repente me sinto perturbada, meu corpo pede aos gritos que lhe arranquem a pele para fundir-se com a deste desconhecido. Ele se agacha um pouco, e começa a buscar debaixo de minha saia, até encontrar o elástico de minha calcinha. Penso logo que sua intenção é arrancá-la, obviamente. Mas não é assim. Levanta a saia e separa a calcinha de um lado. Me toma assim, buscando os meus olhos, analisando todas as reações do meu rosto, todas as expressões do meu rosto.Quando nos separamos na rua, não quero pedir o número de seu telefone. Tampouco ele tem a intenção de dar. Não costumo comprometer um encontro como este com promessas de voltar a ver a um homem. Repetir com um desconhecido não me interessa. Prefiro encontrar um outro na rua”.