Cinema Latino

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Em Berlim, criadores denunciam dificuldade de financiar cinema na Argentina


Diretores Celina Murga e Benjamín Naishtat, o produtor Hernán Musaluppi e o crítico Diego Lerer participaram de colóquio no Festival

Um encontro promovido nesta quarta, 12, pela Berlinale foi utilizado como fórum de denúncia contra as dificuldades de financiamento do cinema argentino pelos diretores Celina Murga e Benjamín Naishtat, o produtor Hernán Musaluppi e o crítico Diego Lerer. Em um colóquio organizado pelo World Cinema Fund, criado pelo Festival para apoiar jovens criadores, os participantes relataram que não conseguem levar projetos adiante porque não há fontes de patrocínio o suficiente.

Musaluppi explicou que na Argentina só existe um órgão público de promoção e financiamento, o Instituto de Cinema, e há carência de outros incentivos e ajudas econômicas, o que torna essencial a coprodução entre vários países.

"Os produtores são obrigados a cofinanciar filmes argentinos com verbas européias", afirmou o produtor, que calcula em 50% o montante de verba que vem do estrangeiro. A colaboração com outros países da América Latina torna-se especialmente difícil devido às diferentes capacidades de financiamento de cada país. A questão é que a necessidade de um coprodutor europeu gera problemas de estrutura financeira.

Por sua vez, Naishtar, que particia da competição oficial do festival com Historia del Miedo, lamentou a falta de ajuda aos filmes independentes. "Na América Latina, não há nenhum subsídio à exibição dos filmes, exceto nas salas estatais, e isso coloca em ação uma lógica estritamente capitalista, sem deixar opções de acesso aos títulos menores."

Ainda assim, o cineasta reconheceu que, "mesmo que a realidade argentina sempre esteja na fronteira do colapso, e isso tenha uma série de consequências terríveis, também tem seu lado bom, que é a criatividade de adaptação".

"Parece-me que, no cinema como no mundo, há momentos de grandes mudanças, e que as mudanças implicam situações de crise", afirmou Murga, que também compete com La Tercera Orilla. "Acredito que, de algum modo, tivemos que reinventar nosso cinema."

Fonte: O Estadão

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