Cinema Latino

sábado, 11 de janeiro de 2014

Amores Roubados na Revista da Livraria Cultura


Se a Rússia tem Guerra e paz, Pernambuco tem A emparedada da Rua Nova. Assim como o romance máximo de Tolstói, a obra criada pelo prolífico, mas desconhecido (fora do Recife), Joaquim Maria Carneiro Vilela traça um extenso e profundo painel da vida social e econômica das últimas décadas dos anos 1800 na capital pernambucana.
Tão interessante quanto a história que sustenta o romance (um pai furioso que empareda a filha viva) é a trajetória do livro. Publicado em 1886, A emparedada da Rua Nova fez caminho editorial pouco usual, sendo lançado primeiro em livro pela Typographia Central (Recife), para voltar, mais de 20 anos depois, como folhetim do Jornal Pequeno, que o publicou ao longo de dois anos e meio, entre agosto de 1909 e janeiro de 1912.
Apesar de ter feito sucesso na época em que foi para as páginas do periódico, o romance e seu autor atravessaram o século 20 em meio a um silêncio sepulcral que só é quebrado agora, cem anos depois da aparição da história na imprensa, com a adaptação para a TV e uma nova e caprichada edição do catatau de quase 600 páginas.
Com o título de Amores roubados, a minissérie que a TV Globo coloca no ar neste mês foi rodada entre janeiro e julho de 2013, parte em Paulo Afonso (município baiano que faz divisa com Alagoas), parte em Petrolina (no interior de Pernambuco). E a história da minissérie enfrentou périplo parecido com o do romance de Carneiro Vilela. O diretor José Luiz Villamarim conheceu A emparedada da Rua Nova em 1996, quando gravava a novela O rei do gado. O livro lhe chegou às mãos pelo roteirista de Amores roubados, George Moura, que é pernambucano e conhecia o romance de Vilela desde os anos 1980.
“No total, esse projeto tem 17 anos. O George me mostrou o livro e fiquei muito impressionado. Quando li a primeira vez, pensei na hora que aquilo dava uma novela. Mas o tempo foi passando e só três anos atrás conseguimos realizar nosso desejo de fazer a adaptação”, explica Villamarim. 
A percepção do diretor a respeito da proximidade entre o romance e a novela se justifica. O livro de Carneiro Vilela tem capítulos curtos, com vários núcleos narrativos e personagens com grande carga emocional, estrutura perfeita para a plataforma do folhetim eletrônico.
“O livro é bem grande, mas 400 minutos de TV também não é pouco [a minissérie foi dividida em 10 capítulos de 40 minutos]. É preciso que haja muita peripécia, muitas reviravoltas para sustentar no telespectador o interesse pela trama. O formato de A emparedada ajuda, mas a adaptação é uma transformação completa”, diz o roteirista George Moura. LER MAIS AQUI

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