Cinema Latino

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A atriz Maria Flor está prestes a desabrochar no cinema mundial, em filme de Fernando Meirelles

Por Catharina Wrede (catharina.wrede@oglobo.com.br)


Agência O Globo –  Em meados do ano passado, a atriz Maria Flor recebeu um e-mail do diretor Fernando Meirelles, que a sondava para atuar em seu novo filme, "360", uma co-produção Brasil e Inglaterra, na qual ela contracenaria com ninguém menos que Anthony Hopkins.
- Na hora eu falei: "Como assim?!" - exclama Flor, contando que depois de um segundo parou e pensou: "Será que dou conta?"
O e-mail chegava em boa hora: recém-separada e buscando uma nova casa, Flor estava entrando no que se configurou como um ano de grandes transformações. A partir deste salto na carreira - e na vida -, a atriz abriu portas para o mercado internacional e afinal descobriu que sim, ela dá conta.
BFI: '360', de Fernando Meirelles, abre festival de Londres
A insegurança era normal para uma jovem atriz brasileira que nunca tinha pisado em um >ita

Foi quando a ficha caiu.
- Fiquei Nervosa por interpretar em inglês, por estar contracenando com grandes atores, principalmente o Anthony Hopkins, e porque não sabia o que esperar desse set. Como seria minha relação com as pessoas, como seria o inglês...muita expectativa e muitas questões.
Sessões de conversação em inglês

Do momento em que vislumbrou a possibilidade de fazer o filme até o dia de embarcar para Londres, em março, Flor intensificou suas aulas de inglês, fazendo conversação três vezes por semana. Sua personagem, uma brasileira que após morar dois anos na Inglaterra decide voltar para o Brasil porque descobre uma traição do namorado, precisava ter expressões características, um jeito de falar de alguém que domina o idioma, apesar de ser estrangeira.
Foi necessária ainda a orientação de uma dialect coach inglesa, já em solo britânico, para a atriz ganhar a embocadura certa. Ela fala em dois fatores cruciais para que tudo desse certo: a calma e a segurança de Fernando Meirelles e o olhar atento de Adriano Goldman, diretor de fotografia com quem ela já havia trabalhado na série "Som e fúria", da TV Globo, dirigida também por Meirelles.

 
- O Fernando é um cara inacreditavelmente generoso, que te passa uma segurança e uma estrutura emocional enormes. Ele é calmo, sabe o que quer, fez-me pensar que eu não estava ali por acaso. E o Adriano era um cara que eu já conhecia, que falava a minha língua, e estava ali prestando atenção em mim.
Com esse acolhimento, foi um pouco mais fácil enfrentar o desafio de contracenar com Anthony Hopkins e Ben Foster. O tarimbado ator galês, vencedor do Oscar por "O silêncio dos inocentes" em 1991, não quis ensaio, apenas uma leitura com Flor das cenas que fariam juntos. No filme, que narra histórias de encontros e desencontros entre pessoas comuns, o ator faz o papel de um homem adúltero que parte em busca da filha que fugiu após saber de sua traição. No aeroporto, ele conhece Laura (Flor), uma moça que faz despertar nele um sentimento de redenção. Apesar da apreensão, a atriz não ficou inibida por Hopkins:
- Pelo contrário. Ele foi muito gentil. Fiquei emocionada com o jeito dele de fazer a cena, com o olhar... Ele é muito natural, nunca vi nada parecido. Acho que o Anthony já transcendeu a profissão de ator, não se importa com o que as pessoas vão achar. Dá para notar que ele está ali porque tem muito prazer, claro, mas porque gosta dos encontros, da equipe.

Já com Ben Foster, que interpreta um homem que esbarra com a personagem de Flor por acaso, ela teve que lidar com um contratempo: praticante do "The method", de Lee Strasberg, doutrina de interpretação que prega, entre outras coisas, que o ator não saia do personagem enquanto esteja fazendo o trabalho, Foster não quis encontrar Flor antes do dia da filmagem, já que seus personagens não se conheciam. Ela embarcou na dele e topou. Com a cena rodando, Foster surpreendeu novamente, pedindo para a atriz mudar as marcas que já tinham sido definidas. Ela não só mudou como pediu para Meirelles não parar e emendar uma segunda cena, sem que Foster soubesse.
- Deu supercerto. No inglês, o ator não contracena com fulano, ele "play against" ("joga contra", em português), o que faz sentido. É uma espécie de jogo mesmo. E eu adorei play against him - brinca.
Maria Flor tinha mesmo entrado no jogo. Sua participação em "360" fez com que a William Morris, grande agência de atores, roteiristas e diretores - a mesma que representa Fernando Meirelles no exterior - ficasse interessada nela. Assim que as filmagens acabaram, a atriz pegou um avião para Los Angeles para conhecer os agentes. Lá, fez alguns testes para produções americanas e, desde que voltou para o Brasil, continuam em contato.
Mas assim como sempre fez na condução de sua profissão, Flor estuda com calma a perspectiva de uma carreira internacional:
- Foi mais uma porta que abri. Estou expandindo meu mercado de trabalho, mas sou uma atriz brasileira que mora aqui e que gosta dos diretores daqui. Não estou colocando muita expectativa, não- diz, com os pés no chão.
Projetos nas TVs aberta e a cabo
No cinema, além de "360", que tem pré-estreia em Toronto, no Canadá, no próximo dia 10 - onde vai reencontrar Hopkins -, Flor está em "Xingu", novo filme de Cao Hamburger, com lançamento no início de 2012. Na TV, faz o episódio "A de menor do Amazonas", da série "As brasileiras", da TV Globo, dirigida por Daniel Filho, ainda sem data de estreia prevista; e está no programa "Olhar estrangeiro", que estreia no Multishow em outubro, sobre brasileiros que vivem em Londres.
A série, com quatro episódios, foi criada e formatada por Flor e sua mãe, a produtora e roteirista Márcia Leite, que receberam carta branca do canal para fazer o que quisessem. Como a atriz já estava em Londres, aproveitou para gravar o programa com seus amigos que moram por lá, como o músico João Brasil e a cantora Cibelle.
- É muito pessoal, sobre minha vivência em Londres e esse movimento de morar fora que cada vez mais a classe média está fazendo. Achei interessante falar desse jovens adultos se distanciando da sua realidade para viver outra, e como eu também estava fazendo isso, fez sentido - explica.
Segundo ela, a empreitada de filmar fora do país e interpretar em outra língua transbordou a barreira profissional:
- Como atriz, percebi que dou conta. Que sou capaz. Não olhei para trás. E, com essa segurança, veio um amadurecimento como mulher também. Uma força.

Fonte: Omg.Yahoo

Um comentário:

  1. Maria é uma gracinha, né? Fiquei surpreso e feliz quando a vi relacionado à este novo trabalho de Meirelles. Espero que dê tudo certo ;)

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