Cinema Latino

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Rio 2096: Uma História de Amor e Fúria vence festival de cinema na China



By Janaína Camara da Silveira

O filme Rio 2096: Uma História de Amor e Fúria foi o vencedor do 4º Festival Brapeq de Cinema na China, segundo escolha do júri. O prêmio foi anunciado no encerramento da primeira etapa do festival, que de 13 a 15 de setembro, ocorrerá em Xangai. Rio 2096 abrirá a mostra, que pela primeira vez terá escolha da audiência.

A curadora Anamaria Boschi anunciou o vencedor junto aos três convidados diretamente do Brasil, o diretor de Gonzaga, de Pai para Filho, Breno Silveira, a produtora de Meu Pé de Laranja Lima, Kátia Machado, e da produtora de Elena, Li An. Todos os jurados são chineses (conheça a lista abaixo).

Esta edição teve a relação entre pais e filhos como tema central, mas foi a animação brasileira que acabou vencendo, um filme que explora uma linguagem pouco usual na cinematografia brasileira, a animação. A direção é de Luiz Bolognese, estreante no gênero Rio 2096 ganhou no primeiro semestre deste ano o Festival de Annecy, um Cannes para os filmes de animação. O longa custou R$ 4,5 milhões e levou seis anos para ficar pronto. Os protagonistas são personagens inspirados em lendas indígenas que contam episódios marcantes da história brasileira desde a época da colonização portuguesa, até um futuro em que a água potável é um dos produtos mais raros em uma Rio de Janeiro pontuada por arranha-céus e onde até o Cristo Redentor virou marca de um passado lapidado.



Um festival recheado de emoção

O debate com Kátia Machado foi um dos momentos de maior emoção para os chineses em Pequim. Conhecedores do livro Meu Pé de Laranja Lima, traduzido para o mandarim e um sucesso entre o público chinês, a sala ficou lotada. O público não conteve as lágrimas ao ver a história familiar e sentimental na tela e acabou por emocionar Kátia. 

Breno Silveira também conversou com a audiência e foi aplaudido por apresentar a história de Luiz Gonzaga e de Gonzaguinha. Mesmo que distantes do universo musical brasileiro, os chineses foram fisgados pelo tema universal revelado na tensão entre pai e filho. 

- É uma história que emociona, embora eu tenha de ter tirado uma cena de que hoje sinto falta, o reencontro de Gonzaga e de Nazinha, quando ele já está falido - revelou Silveira, ao lembrar o primeiro amor do Rei do Baião, como o músico era chamado.

Emocionante foi também o bate-papo com Li An, produtora do documentário Elena e mãe da própria Elena e de Petra Costa, que dirige o filme. A história carregada de lembranças tão pessoais quanto dolorosas chamou a atenção do público, que compareceu a duas sessões do filme em Pequim.

Li An e Kátia viajam a Xangai, onde acontece a segunda etapa do festival. Ambas vieram do Brasil viajando Lan Tam Airlines Group. 

Júri

CUI ZIEN 崔子恩
Diretor, acadêmico, roteirista, novelista e um importante ativista do cinema LGBT em Pequim, é professor associado no Instituto de Pesquisa em Cinema da Academia de Cinema de Pequim. É um realizador de vanguarda na cena underground do vídeo digital da capital chinesa. Em 2001, ganhou o prêmio Radio Literature Award na Alemanha pelo livro Uncle’s Past – e tem mais oito títulos publicados na China. 


QIN HAIYAN 秦海燕
A roteirista e produtra é graduada pela Universidade de Pekin. Ela produziu filmes independentes como A Noiva. Mas seus principais trabalhos são Um Convite de Casamento, China Affair, Antes de Nascer e, como co-roteirsta, White Deer Plain. 


HUANG LU 黄璐
A atriz é conhecida por atuar com naturalidade e tem diversos filmes-arte no currículo. Entre os trabalhos principais, está Montanha Cega (2007), de Li Yang, em que ela interpreta uma estudante universitária da cidade raptada e vendida ao futuro marido, que vive uma vila rural. Também atuou em The Red Awn(2007), de Cai Shangjun, Entre Dois Mundos (2009), de Vimukthi Jayasundara, eEla, uma Chinesa (2009), de Guo Xiaolu.


ZHONG DAFENG 钟大丰
É professor de Teoria do Cinema e membro do Departamento de Estudos em Roteiro e Cinema da Academia de Cinema de Pequim. É co-autor de História do Cinema Chinês (1995) e contribuiu em Cinema na China Conteporânea: Debates, 1979-1989 (1993). É autor de centenas de artigos sobre produções para cinema, TV e mídia em geral. Também é membro da Associação Internacional de Escolas de Cinema e Televisão (CILECT). 


ZHU RIKUN 朱日坤
Fundador da Fanhall Films, em que produz, distribui filmes e organiza festivais, trabalha com cinema independente. Em 2003, criou o DOChina – Documentary Film Festival China. É diretor de programação do Beijing Independent Film Festival desde 2006. Produziu Karamay, Winter Vacation e Pathway, entre outros. Foi jurado no Hong Kong International Film Festival (2012), no Locarno Film Festival (2011) e no CinDi-Seoul Digital Cinema Film Festival.


Fonte: Radar China

Nenhum comentário:

Postar um comentário