Cinema Latino

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Mimí Derba – A primeira mulher diretora do cinema mexicano


Traduzido e adaptado por Magda Miranda

Na verdade ela nasceu María Herminia Pérez de León Avendaño, mexicana da gema (Distrito Federal, México) no dia 9 de outubro de 1893 (uma data ainda não muito precisa, já que fontes informam os anos 1894 ou 1888).
No ano de 1912 em plena revolução, uma jovem fazia sua estréia no palco do Teatro Lírico. Naquele tempo, os locais onde a sociedade endinheirada podia ter seus momentos de divertimento eram os teatros, as tendas de circo e algum outro lugar da burguesia adaptado para as platéias. Nesse ambiente surgia a “María Hermínia” nome que ela mesma decidiu modificar para o chique e afrancesado “Mimí”. Com o sucesso da novata, logo ela substituía os nomes mais conhecidos da época: María Conesa e Consuelo Cabrera, além de outras conhecidas damas que deleitavam a plateia masculina com os seus cuplés e tonadillas, cujas letras deixavam ruborizadas as pouquíssimas mulheres da sociedade que tinham coragem de ir a aqueles espetáculos.
Apesar de famosa, Mimí Derba não quis se conformar só com os palcos. Os “espetáculos cinematográficos” eram poucos no México e mesmo assim eram importados da Itália. Suas “divas” eram: Pina Menichelli, Francesca Bertini e Italia Almirante Manzini, além de outras. Essas figuras femininas faziam os sonhos daqueles que se deixavam levar pela “diversão mecânica”, e Mimí estava disposta a vencê-las.


"La mujer sin alma" (1943) no papel de madre Teresa

O nome de Mimi Derba aparece nos créditos de "Dos tipos de cuidado" (1952), onde faz Josefa, a mãe de Jorge Negrete 

Assim Mimí decidiu partir para este meio pouco conhecido em seu país: ela tinha idéias ousadas e muito mais do que qualidades artísticas. E assim ela provou o cinema: atuando e deixando o seu resgistro, corria o ano de 1917 quando Mimí Derba ousou fundar a primeira companhia produtora de cinema, a primeira organizada formalmente no México: La Sociedad Cinematográfica Mexicana, Rosas, Derba y Cía. em sociedade com o câmera man, Enrique Rosas, passando a se chamar finalmente Azteca Films. Seu escritório por assim dizer, eram imensos terrenos baldios que ficavam localizados, no centro da esquina Balderas e Avenida Juárez na cidade do México. Logo, a imprensa de espetáculos da época pode acompanhar de perto o esforço de Derba pela criação da cinematografia nacional. Em menos de um ano a companhia produziu cinco filmes, a maioria deles estrelados por Derba, além disso, ela tinha tempo de escrever roteiros, produzir e editar os filmes. Quase todos eram imitações dos melodramas italianos, pelo que dizem, seu sucesso de bilheteria se devia mais pela curiosidade que movia o público. Alguns estudiosos afirmam que o único filme em que Mimí Derba não atuou La tigresa (1917), teria sido dirigido por ela. Neste caso, se tornou a primeira mulher a ser diretora do cinema mexicano. Fontes informam que toda aquela produção da Azteca Films desapareceu, restando apenas fotografias, que comprovam toda a história daquela que foi a pioneira. Ela atuou até 1919, se retirou por estar triste com o fracasso de bilheteria de seus filmes.
 
"María Eugenia" (1942) como doña Virginia 

Anos depois ela volta a atuar, aceitando um papel em La linterna de Diógenes (La linterna mágica) (1924/1925), filme dirigido por Carlos Sthal, antes de integrar-se ao surgimento do sonoro fez Santa (1931), o lendário filme comercial mexicano. Sua interpretação da dona do cabaré, onde a protagonista vive as suas desventuras, lhe rendeu um lugar no seleto grupo dos grandes atores do cinema mexicano. Sua carreira cinematográfica se estendeu por mais duas décadas, o público da época de ouro, a identificava como a matrona de gesto severo e forte caráter que em poucas ocasiões possuía um sorriso iluminado. O cinema sonhado por Mimí Derba se tornou realidade, poucos não podiam imaginar que por trás daquele rosto sereno estava uma das maiores apaixonantes histórias do cinema mexicano. Derba faleceu em 14 de julho de 1953.

3 comentários:

  1. Eu falo... o "Sala Latina" é cultura!! rs

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  2. Alan e Antonio, Mimí Derba assim como Cándida Beltrán foi uma mulher que lutou pelo cinema em seu país. E ela fundou uma empresa cinematográfica, tornando-se empresária pioneira no setor. Ao contrário de Cándida que sozinha não pode seguir adiante com o seu sonho.
    Não consigo entender muito como uma mulher de fundamental importância para o cinema mexicano, passou uma grande parte de sua carreira artística fazendo pequenos papéis e só ser lembrada por eles, geralmente ela fazia o papel da mãe de alguém nos filmes.

    Mas aqui fica um pouco dessa história fascinante.

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