Cinema Latino

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Carmen Miranda essa portuguesa mais que brasileira



Se viva estivesse, Carmen Miranda seria uma centenária cidadã luso-brasileira, mas enfim ela nos deixou muito cedo. Hoje seria seu aniversário. Foi num dia 9 de fevereiro de 1909 que nascia em freguesia de Várzea da Ovelha e Aliviada, concelho de Marco de Canaveses, em Portugal, a pequena notável. Aliás este apelido só viria em sua vida artística. Por enquanto ela era Maria do Carmo Miranda da Cunha, segunda filha do barbeiro José Maria Pinto Cunha (1887-1938) e da lavadeira Maria Emília Miranda (1886-1971). E se tornou Carmen ainda muito criança, diz a lenda que teria sido por uma frase que teria dito seu tio: “Essa miúda é morena como uma espanhola”. Seu pai apreciador de óperas, ao ouvir o comentário do irmão teria lembrado de “Carmen de Bizet”, e daí a razão do “Carmen”. Nada muito comum para português, já que todas as Marias do Carmo são simplesmente Carmo.
Carmen quase nascia no Brasil, por questões burocráticas que fizeram retardar a viagem da família Miranda, D. Maria Emília achou por bem tê-la em seu país. Após seu nascimento, seu pai, José Maria, emigrou para o Brasil, onde se instalou no Rio de Janeiro. Ele se estabeleceu como sócio de uma barbearia de um patrício, logo conseguiu juntar dinheiro e trazer a mulher e as filhas Olinda de dois anos e Carmen de oito meses. No Brasil, nasceram os outros quatro filhos do casal: Amaro (1911), Cecília (1913), Aurora (1915 - 2005) e Oscar (1916). Os filhos de D. Maria e Sr. José tiveram acesso à escola, Carmen estudou em um colégio de Freiras na rua da Lapa. Mas alguns dos irmãos e inclusive a própria Carmen tiveram que sacrificar a escola para trabalhar e ajudar a sustentar a família.

Em 1929, foi apresentada ao compositor Josué de Barros, que encantado com seu talento passou a promovê-la em editoras e teatros. No mesmo ano, gravou na editora alemã Brunswick, os primeiros discos com o samba “Não Vá Sim'bora” e o choro “Se O Samba é Moda”. Pela gravadora Victor, gravou Triste Jandaia e Dona Balbina. O grande sucesso veio a partir de 1930, quando gravou a marcha "Pra Você Gostar de Mim" ("Taí") de Joubert de Carvalho. Antes do fim do ano, já era apontada pelo jornal O País como "a maior cantora brasileira". Em 1933 ajudou a lançar a irmã Aurora na carreira artística. No mesmo ano, assinou um contrato de dois anos com a rádio Mayrink Veiga para ganhar dois contos de réis por mês. Mas ela fez tanto sucesso que deixou de ganhar por participação como era de praxe na época e se tornou a primeira cantora do rádio a ganhar por contrato.
Em 20 de janeiro de 1936, estreou o filme “Alô, Alô Carnaval” com a famosa cena em que ela e Aurora Miranda cantam "Cantoras do Rádio".
Entre 1942 e 1953 atuou em 13 filmes em Hollywood e nos mais importantes programas de rádio, televisão, casas noturnas, cassinos e teatros norte-americanos. Em 1946, Carmen era a artista mais bem paga de Hollywood e a mulher que mais pagava imposto de renda nos EUA. Em 17 de março de 1947 casou-se com o americano David Sebastian, nascido em Detroit a 23 de novembro de 1908. Antes, Carmen mantivera romances com vários astros de Hollywood e também com o músico brasileiro Aloysio de Oliveira, integrante do Bando da Lua.
Desde o início de sua carreira americana, Carmen fez uso de barbitúricos para poder dar conta de uma agenda extenuante. Adquiria as drogas com receitas médicas pois, na época, elas eram receitadas pelos médicos sem muitas preocupações com efeitos colaterais. Nos Estados Unidos, tornou-se dependente de vários outros remédios, tanto estimulantes quanto calmantes. Por ser também usuária de tabaco e álcool, o efeito das drogas foi potencializado. Por conta do uso cada vez mais freqüente, Carmen desenvolveu uma série de sintomas característicos do uso de drogas, mas não percebia os efeitos deletérios, que foram erroneamente diagnosticados como estafa por médicos americanos. Em 3 de dezembro de 1954, Carmen retornou ao Brasil após uma ausência de 14 anos. Seu médico brasileiro constatou a dependência química e tentou desintoxicá-la. Ficou quatro meses internada em tratamento numa suíte do hotel Copacabana Palace. Carmen melhorou, embora não tenha abandonado completamente drogas, álcool e cigarro. Os exames realizados no Brasil não constataram alterações de frequência cardíaca.
Por volta das duas da manhã, após beber e cantar algumas canções para os amigos presentes, Carmen subiu para seu quarto para dormir. Acendeu um cigarro, vestiu um robe, retirou a maquiagem e caminhou em direção à cama com um pequeno espelho à mão. Um colapso cardíaco fulminante derrubou-a morta sobre o chão. Seu corpo foi encontrado pela empregada na mesma noite. Tinha 46 anos.
Aurora Miranda, sua irmã, recebeu na mesma madrugada um telefonema do marido de Carmen Miranda avisando sobre o falecimento. Aurora Miranda passou então a notícia para as emissoras de rádio e jornais. Heron Domingues, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, foi o primeiro a noticiar a morte de Carmem Miranda em edição extraordinária do Repórter Esso.Em 12 de agosto de 1955, seu corpo embalsamado desembarcou de um avião no Rio de Janeiro. Sessenta mil pessoas compareceram ao seu velório realizado no saguão da Câmara Municipal da então capital federal. O cortejo fúnebre até o Cemitério São João Batista foi acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam esporadicamente, em surdina, "Taí", um de seus maiores sucessos. No ano seguinte, o prefeito do Rio de Janeiro Francisco Negrão de Lima assinou um decreto criando o Museu Carmen Miranda, o qual somente foi inaugurado em 1976 no Aterro do Flamengo.


Fonte: CASTRO, Ruy. Carmen, uma biografia e Wikipédia (enciclopédia livre).

Para navegar (site oficial Carmen Miranda):
http://www.carmenmiranda.com.br

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